Mais de 30 milhões de pessoas tiveram de se deslocar devido a desastres climáticos em 2020
Foi publicado o novo relatório relativo a 2020 do Internal Displacement Monitoring Centre (IDMC), e os dados não são positivos: 98% dos deslocamentos ocorridos deveram-se a desastres relacionados com o clima.
Como indica o relatório, em 2020 existiram 30.7 milhões novos deslocamentos devido a desastres, 30 milhões relacionados com o clima – cheias, secas, temperaturas extremas, deslizamentos de terra, incêndios, ciclones e tempestades – e 655 mil geofísicos – como terramotos e erupções vulcânicas.
“A maioria dos deslocamentos por desastre foi resultado de tempestades tropicais e inundações na Ásia Oriental, no Pacífico e no Sul da Ásia. A China, as Filipinas e o Bangladesh registaram, cada um, mais de quatro milhões de novos deslocamentos, muitos deles foram evacuações preventivas”, lê-se no documento.
No final do ano, verificou-se que existem no mínimo 7 milhões de pessoas a viver deslocadas no seu próprio país, ocupando o top 5 o Afeganistão, a Índia, o Paquistão, a Etiópia e o Sudão. Constatou-se também que perto de 250 mil pessoas que vivem no México, no Japão e na Indonésia continuam a viver deslocadas mesmo após anos e décadas do acontecimento dos desastres.
“O equívoco mais comum é que o deslocamento do desastre é de curto prazo e que após as evacuações que salvam vidas as pessoas geralmente voltam rapidamente para reconstruir as suas casas e os seus meios de subsistência. O facto de que poucos dados são recolhidos após a fase de emergência de um desastre ajuda a alimentar este mal-entendido”, alerta a IDMC.
A época de furacões no Atlântico também se destacou pelo facto de ter sido a mais ativa registada e uma das mais duradouras. Foram nomeadas 30 tempestades, das quais se originaram 13 furacões e que resultaram em quase 3 milhões de novos deslocamentos em mais de 17 país e territórios.
No relatório, os autores afirmam ainda que “É muito cedo para estabelecer ligações claras entre as alterações climáticas, os desastres e o deslocamento, mas a relação entre as características das tempestades e as alterações climáticas induzidas pelo homem é cada vez mais compreendida. [Os furacões] Tornam-se mais frequentes e intensos, o que significa mais furacões de categoria 4 e 5 a cada temporada. À medida que o nível do mar sobe, as inundações costeiras associadas a ciclones tropicais também devem aumentar. (…) Como a temporada de furacões de 2020 ilustra, é preciso fazer-se mais para mitigar o risco de desastres, particularmente em países de baixa e média renda, que são mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas e ao risco de deslocamento por desastres”.