Cientistas apelam à inclusão dos fungos nas metas globais para a conservação da biodiversidade



A comunidade científica defende que todos os fundos devem integrar as metas globais para a conservação da biodiversidade, que vão ser aprovadas na Conferência das Nações Unidas sobre Biodiversidade (COP15), que irá decorrer de 11 a 24 outubro, em Kunming, na China.

A carta, liderada pela investigadora Susana C. Gonçalves do Centre for Functional Ecology da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), foi publicada hoje na revista Science. Além da cientista portuguesa, o documento é também assinado por mais três investigadores, Danny Haelewaters, da Ghent University, na Bélgica, e da University of South Bohemia, na República Checa, Giuliana Furci da Fungi Foundation e Gregory M. Mueller do Negaunee Institute for Plant Conservation Science and Action, ambos nos Estados Unidos.

Como explica Susana C. Gonçalves, “Pretende-se que incluam explicitamente o Reino Fungi nos alvos designados através da inclusão do termo funga, substituindo em todos os documentos a expressão “fauna e flora” por “fauna, flora e funga”. (…) Na nossa carta, enfatizamos a necessidade de incluir todos os fungos e providenciamos evidências de que os “microfungos” merecem igual consideração”.

“É chocante que apenas umas escassas 425 espécies, dos milhões de espécies de fungos que habitam o planeta, tenham sido avaliadas pela União Internacional para a Conservação da Natureza para a Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas”, pode ler-se na carta.

Embora a maioria das pessoas associe os fungos aos cogumelos, na verdade, “a maioria dos fungos não produz estruturas reprodutivas visíveis a olho nu”, afirmam. “Por exemplo, os fungos micorrízicos arbusculares são extremamente importantes: colonizam as raízes de 80% de todas as plantas, uma simbiose que ajudou as plantas a conquistarem a terra. Os bolores, tais como aqueles dos quais a penicilina foi isolada, são também microfungos. As leveduras Saccharomyces, que nos dão o pão, a cerveja e o vinho, são fungos unicelulares.”

De acordo com os autores, a falta de conhecimento acerca de “quais os fungos com maior risco de extinção dificulta a nossa capacidade de informar as ações de conservação para apoiar essas espécies e, em última análise, fornecer soluções baseadas nos fungos para enfrentar os prementes desafios globais. (…)Os fungos suportam toda a vida na Terra. Não podemos permitir-nos negligenciá-los nos nossos esforços para travar a perda de biodiversidade”, defendem.

“A Science tem um enorme alcance. Por isso, esperamos que a publicação da carta faça com que muitas mais pessoas e organizações juntem a sua voz à nossa”, conclui a investigadora da FCTUC.





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