Iluminação artificial noturna está a tornar-se um problema para o oceano



A iluminação artificial noturna pode estar a tornar-se um problema para os ecossistemas marinhos. Há medida que a iluminação noturna aumenta, seja devido às áreas urbanas costeiras, seja devido a estruturas offshore, como por exemplo as plataformas de petróleo, mais espécies estão a ser condicionadas por estas alterações e a criar respostas biológicas.

Um novo estudo, financiado pelo Natural Environment Research Council, reuniu vários cientistas para criarem um atlas global de luz artificial à noite (ALAN – Artificial light at night) do fundo do mar. O seu principal objetivo era estudar o impacto da luz nos ecossistemas subaquáticos.

De acordo com a Universidade de Plymouth, para esta investigação, os investigadores utilizaram ferramentas como software de modelagem, tecnologia de satélite e observações in situ, mais especificamente no Rio Tamar, no Reino Unido, com recurso a um atlas mundial de brilho artificial no céu noturno.

“A extensão da poluição luminosa artificial na terra é conhecida há muitos anos. Algumas pessoas podem considerar que esta luz não entra nos oceanos, mas entra, e em quantidades suficientes para causar impactos biológicos”, explica Thomas Davies, um dos autores do estudo. “Este atlas é o primeiro a quantificar a extensão de ALAN nos oceanos”.

Os resultados demonstraram que 1,9 milhões de quilómetros quadrados de águas costeiras do mundo estão expostas a níveis significativos de ALAN. A 10 metros de profundidade no oceano, estão expostas 1,6 milhões quilómetros quadrados de águas costeiras, e a 20 metros de profundidade, estão expostas 840 mil quilómetros quadrados de águas costeiras. Regiões como o Golfo Pérsico, o Mar da China Meridional e o Mediterrâneo, destacam-se pela acentuada exposição ao problema.

Tim Smyth, autor principal da investigação, afirma: “A criação deste atlas mostra-nos como a questão da luz artificial à noite está difundida nos nossos mares costeiros e pode levar a destacar a ALAN como uma perturbação, da mesma forma que vemos atualmente o ruído subaquático como uma preocupação. Ainda é necessária muita investigação para compreender, por exemplo, os efeitos específicos que tem nos organismos marinhos, a natureza espectral exata dessa poluição luminosa e de como é alterada pelas estações ou marés. Mas reconhecer a sua presença global desta forma é um grande passo em frente na compreensão de ALAN e das suas consequências para o oceano.”





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