Proteger os grandes mamíferos pode contribuir para o combate às alterações climáticas
As alterações climáticas são um tema com o qual a comunidade científica se tem vindo a debater, não só para conseguir prever futuros efeitos, mas também com o objetivo de encontrar soluções para as mitigar. De acordo com um estudo da Universidade de Oxford, no Reino Unido, os grandes mamíferos podem ter um papel importante na recuperação dos ecossistemas e no combate às alterações climáticas.
“Os esforços de conservação geralmente concentram-se em árvores e carbono ou no amplo apelo de conservação dos grandes mamíferos. Este estudo analisou se era possível alinhar estas agendas – em que contexto proteger e recuperar a vida selvagem de grande porte pode ajudar-nos a enfrentar e adaptar às alterações climáticas”, avança o investigador Yadvinder Malhi.
Os cientistas centraram-se em três pontos em que os animais como os rinocerontes, os elefantes e as girafas, contribuem para este fim: no armazenamento de carbono, na reflexão da radiação solar e nos incêndios. No primeiro ponto, aplica-se o facto de, durante a pastagem, dispersarem sementes, limparem a vegetação e fertilizarem o solo, o que ajuda a construir ecossistemas mais complexos e resilientes. Isto leva ao aumento do armazenamento de dióxido de carbono (CO2) no solo e vegetação e à diminuição deste gás na atmosfera. Ao pisarem a vegetação estão a mudar habitats de arbustos e árvores para zonas abertas, o que resulta em zonas em que tendem a refletir mais radiação solar na atmosfera, o que, por sua vez, torna mais fria a superfície da Terra. Similarmente, durante a pastagem em zonas com plantas lenhosas estão também a diminuir o risco de incêndios florestais.
No caso de animais como as baleias, que vivem nos oceanos, a sua atuação de fertilização do fitoplâncton também contribui para estes fins. Segundo os autores, o fitoplâncton captura perto de 37 mil milhões de toneladas de CO2 por ano, e ajuda a libertar partículas no ar que podem ajudar a “plantar” nuvens e a refletir a luz do sol na atmosfera.
“Os animais também podem ajudar na adaptação localizada às alterações climáticas nestes ambientes, diversificando a vegetação e aumentando a heterogeneidade do habitat. A diversidade de espécies e de microhabitats pode tornar o ecossistema como um todo mais capaz de resistir às alterações climáticas, recuperar a um estado estável após um distúrbio relacionado com o clima ou encontrar um novo estado estável que funcione dentro do clima alterado e em mudança”, explica a investigadora Tonya Lander.