Estudo: portugueses gastaram €2.075 (R$5.285) em combustível em 2010. Mas despesas vão baixar.
Os condutores portugueses gastaram, em média, €2.075 (R$5.285) em combustíveis em 2010, de acordo com um estudo da Greenpeace que avaliou 15 países europeus. O estudo concluiu ainda que este valor “poderá cair substancialmente” nos próximos anos, caso a União Europeia torne mais exigentes as suas metas de emissões para os novos veículos de passageiros até 2030, tornando-os mais eficientes.
As projecções mostram que a meta de emissões específicas médias de 95 gCO2/km em 2020 – equivalente a um consumo de aproximadamente 3,7 litros/100km – que a Reuters noticia estar prestes a ser proposta pela Comissão Europeia – levará os portugueses a poupar em custos de combustível mais de €400 (R$1.020) em 2020, e mais de €800 (R$2.040) em 2030, menos 21% e 39%, respectivamente, face aos custos despendidos em 2010 (cenário 1).
No entanto, se a União Europeia aumentar o nível de ambição na revisão do Regulamento para 80 gCO2/km em 2020 – equivalente a cerca de 3,2 litros/100 km – e definir uma meta de 60 gCO2/km em 2025 – como defendem as organizações não-governamentais de ambiente na Europa – os condutores portugueses poderão reduzir a sua factura em combustíveis em mais de €1200 (R$3.060) em 2030, uma poupança de 59% face aos custos de 2010 (cenário 2).
“Numa altura em que os preços dos combustíveis continuam a bater recordes, um estudo da Greenpeace contabilizou os custos anuais com os combustíveis rodoviários e o nível de poupança que a introdução de carros mais eficientes no mercado vai proporcionar aos condutores nas próximas décadas em 15 países europeus, entre os quais Portugal”, explica hoje a Quercus em comunicado.
Segundo a ONGA, as organizações de defesa do ambiente mostram-se “satisfeitas com a notícia” da Reuters que refere a intenção da CE em “tornar o limite de emissão de 95 gCO2/km vinculativo para 2020”. Se este limite não for revisto em baixa, no entanto, a Europa “perderá a sua liderança na promoção de veículos limpos para os Estados Unidos”, onde a legislação para melhorar a eficiência energética é cada vez mais ambiciosa.
A indústria automóvel opõe-se a estas medidas desde 2009, com o argumento de que tornariam os automóveis mais caros para os europeus. No entanto, a análise dos dados de 2010 mostra que o regulamento não só reduziu os consumos de combustível e as emissões de CO2 dos veículos na UE na ordem dos 13%, como foi acompanhado de uma descida do preço real dos veículos. No caso português esta descida foi na ordem dos 5%.
“Os últimos desenvolvimentos tecnológicos na indústria automóvel, a nível dos veículos eléctricos e dos híbridos plug-in, mostram que o caminho da eficiência nos transportes é possível e será um passo fundamental para cumprir a meta de redução de gases de efeito de estufa dos transportes em 60%, até 2050”, explicou Francisco Ferreira, da Quercus.
Para João Vieira, presidente da Federação Europeia dos Transportes e Ambiente (T&E), este estudo demonstra o triplo benefício de melhorar a eficiência dos veículos. “Os consumidores podem poupar mais de €100 (R$255) por mês, reduzir as emissões de poluentes e beneficiar a economia portuguesa pela diminuição das importações de petróleo. Esperemos que a Comissão Europeia e o Governo Português não ignorem este estudo e que, na hora de decidir, pensem nos cidadãos e nos benefícios para o ambiente”.
Na União Europeia, o transporte rodoviário é responsável por 20% do total das emissões de CO2, e o automóvel individual corresponde a mais de metade das emissões totais dos transportes. A CE adoptou, em 2011, o Livro Branco dos Transportes, o qual estabeleceu como objectivo para o sector dos transportes a redução de 60% das emissões de gases com efeito de estufa até 2050, comparativamente aos níveis de 1990. Tendo em conta que as emissões do sector dos transportes aumentaram 27% entre 1990 e 2009, a UE tem de efectuar uma redução global de 68% até 2050, para a qual a revisão deste regulamento é fundamental.
Veja o quadro com os dois cenários.
Custos anuais com combustíveis (euros) |
2010 |
2015 |
2020 |
2025 |
2030 |
% Poupança (2030-2010) |
Cenário 195 gCO2/km em 2020 |
2075€ |
1882€ |
1631€ |
1384€ |
1264€ |
39% |
Cenário 280 gCO2/km em 2020
60 gCO2/km em 2025 |
2075€ |
1882€ |
1582€ |
1182€ |
847€ |
59% |