Fiordes emitem 1 milhão de toneladas de metano por ano
Os fiordes emitem tanto metano (CH4) quanto todos os oceanos profundos do mundo, aponta um novo estudo da Universidade de Gotemburgo, na Suécia. Embora ocupem apenas 0,13% da superfície global do mar, estima-se que os fiordes sejam responsáveis pela emissão de 1 milhão de toneladas de CH4 por ano. Este gás é um dos que mais contribui para o efeito de estufa, o que faz com que seja relevante compreender as suas fontes de emissão.
A equipa analisou a produção deste gás no fiorde By Fjord, na cidade de Uddevalla, entre 2009 e 2021. As águas do mar ali presentes são influenciadas pelo rio Bäve, que quando desagua traz altas concentrações de nutrientes da agricultura, o que intensifica a eutrofização. Este processo, por sua vez, aumenta a concentração de gases como o metano.
“Como os fiordes são relativamente protegidos das correntes oceânicas, a água tende a permanecer estratificada em camadas em diferentes temperaturas e com diferentes concentrações de sal e oxigénio. As camadas mais próximas do fundo do fiorde são regiões anóxicas onde o gás metano se forma à medida que o material do sedimento se decompõe”, explica o autor Stefano Bonaglia, do Departamento de Ciências Marinhas da Universidade.
Os investigadores descobriram que, quando ocorriam tempestades, as águas anóxicas que se encontravam no fundo vinham à superfície, trazendo consigo o metano.
“Normalmente, apenas uma pequena porção deste gás chega à atmosfera porque se decompõe à medida que sobe pelas águas ricas em oxigénio, mais próximas da superfície. Mas na nossa investigação, registámos grandes emissões de metano quando a água do fiorde se misturava, por exemplo, durante tempestades”, refere o autor.
Observações semelhantes durante tempestades também foram detetadas por cientistas no Canadá. “Isto ocorre porque a distância do fundo à superfície dum fiorde é muito menor do que nos oceanos profundos. Isto resulta em mais matéria orgânica a ser depositada no sedimento, não havendo tempo suficiente para que o metano seja decomposto no seu trajeto até a superfície”, esclarece Stefano Bonagli.