O impacto ambiental da descarbonização: estudo apresentado pelos FELPT



O Plano Nacional de Energia e Clima 2030 (PNEC 2030) é o mais recente instrumento político de definição da estratégia portuguesa de descarbonização. No horizonte de 2030, o PNEC 2030 estabelece metas ambiciosas de redução dos gases com efeito de estufa, em que as tecnologias de produção elétrica por via das fontes renováveis e melhoria da eficiência tem papel de relevo.

O estudo publicado pelos Future Energy Leaders Portugal (FELPT/APE) avalia os impactos ambientais das Fontes de Energia Renováveis (FER) e do gás natural na produção de eletricidade. Para tal, realiza-se uma Avaliação do Ciclo de Vida (ACV) de modo a evidenciar como as fases de construção, operação e desmantelamento poderão afetar vários indicadores ambientais. A análise versou as tecnologias hidroelétrica, eólica onshore e solar (fotovoltaica e concentrada), tendo-se focado nas emissões de CO2eq, na utilização de recursos fósseis e minerais, na ocupação do solo e no consumo de água. Os impactos foram calculados para a matriz energética de 2020 e projetados para a matriz energética de 2030.

Os resultados evidenciam que, com o aumento das FER, as emissões de CO2eq e a utilização de recursos energéticos fósseis diminuirão consideravelmente em comparação com a geração por via do gás natural. Em contraste, os efeitos associados ao uso do solo e à utilização de recursos minerais aumentam. Adicionalmente, o estudo mostra que os impactos do gás natural estão principalmente alocados à fase de operação, enquanto os impactos das fontes renováveis são predominantes na fase de construção.

Para a minimização dos impactos, recomenda-se a integração preferencial da produção fotovoltaica no edificado e em terrenos não produtivos. No caso da instalação em solo agrícola, esta deve contemplar plantações compatíveis com o sombreamento ou com entrada de sol em períodos mais curtos. Também a hibridização dos sistemas de produção de eletricidade, nomeadamente hídrica e fotovoltaica flutuante, permitirá minorar a evaporação nas albufeiras e reduzir a ocupação do solo.

Para além disso, torna-se essencial o estabelecimento de programas de recuperação dos materiais durante a fase de desmantelamento, diminuindo, assim, a dependência externa de matérias-primas. Paralelamente, reforçar o apoio a medidas de fiscalização e incentivar a responsabilidade social na atividade de extração de minérios nos países com exploração também reduzirá os impactos. Finalmente, é fundamental a implementação de estratégias de eficiência energética nas várias etapas do ciclo de vida das tecnologias de fontes renováveis.

O estudo dos FELPT põe em relevo a utilidade da ACV para avaliar as consequências da estratégia de descarbonização da geração eléctrica delineada para 2030, permitindo inserir no processo de tomada de decisão não só a prevenção da poluição carbónica, mas também a otimização da utilização dos recursos.

Nota:

  • 1 carro viaja em média 20.000 km por ano (4,2 ton CO2 eq.).
  • 1 barril de petróleo tem 5858 MJ de energia primária (1 kg petróleo – 41 MJ).
  • 1 kg Cu minerado corresponde a 500 kg de rejeitados.
  • 1 piscina olímpica tem 2.500 m3 de água.

Autores:
Ana Sousa, Bruno Henrique Santos, Francisco Carlos, Henrique Pompeiro, João Graça Gomes, Margarida Gonçalves, Muriel Iten, Nuno Carvalho, Pedro Frade, Pedro Ferreira

Para aceder à versão completa do estudo clique aqui





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