Renováveis ganham mais 700 mil postos de trabalho em 2021. Solar é o que mais cresce
O setor das energias renováveis ganhou 700 mil novos postos de trabalho no ano passado, fazendo aumentar o total mundial para 12,7 milhões, apesar dos efeitos da pandemia que ainda se fizeram sentir.
Um relatório da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA), em colaboração com a Organização Mundial do Trabalho (OMT), revela que o crescimento dos mercados domésticos de energias renováveis foi o principal impulsionador do aumento do número de empregos no setor.
A energia solar foi o ramo que mais cresceu em 2021, com cerca de 4,3 milhões de empregos atualmente, mais de um terço da força laboral total das energias renováveis a nível mundial.
“Com o aumento dos receios sobre as alterações climáticas, a recuperação da Covid-19 e a disrupção das cadeias de abastecimento, os países estão a procurar potenciar a criação de empregos nos seus mercados internos, focando-se em cadeias de abastecimento locais”, explicam as organizações.
“Mercados domésticos fortes são a chave para consolidar o impulso em direção a uma industrialização suportada por energia limpa.”
O diretor-geral da OMT, Guy Ryder, afirma que “além dos números” revelados pelo relatório, “há um crescente foco na qualidade dos empregos e nas condições de trabalho nas energias renováveis, para assegurar emprego decente e produtivo”.
E explica que “o aumento da porção do emprego de mulheres [nesse setor] sugere que políticas e formação direcionadas podem melhorar significativamente a participação feminina”, com o objetivo de concretizar “uma transição energética justa para todos”.
Num quadro de crise energética, compactada pela guerra da Rússia contra a Ucrânia e pelo estrangulamento dos mercados da energia e o aumento exponencial dos preços desses produtos, em que vários países estão a desviar as atenções da transição e a recuperar modelos de produção com base em combustíveis fósseis, Ryder apela aos governos, organizações laborais e empresas que se mantenham “firmemente comprometidos com a transição para a energia sustentável, que é indispensável para o futuro do trabalho”.
Por sua vez, o responsável da IRENA, Francesco La Camera, diz que “os empregos na energia renovável mantêm-se resilientes” e que o setor tem dado provas de que é um “motor confiável de criação de empregos”.
“O meu conselho para os governos em todo o mundo é que continuem a seguir políticas industriais que encorajem a expansão, nos seus mercados internos, de empregos decentes nas renováveis”, lança.
O relatório revela que são cada vez mais os países que investem na criação de empregos nesse campo energético, sendo que quase dois terços estão localizados na Ásia, com a China a representar 42% da força laboral total.
De seguida, surgem a União Europeia e o Brasil, com 10% cada, e os Estados Unidos e a Índia, cada um com 7% dos empregos nas renováveis a nível global.