Ajuda financeira a África para enfrentar a crise climática está a endividar os países da região



A ajuda financeira à África Ocidental para enfrentar a crise climática é “insuficiente e está a aumentar perigosamente os níveis da dívida” dos países da região, que são os que menos contribuem para o problema, adverte a Oxfam.

“Os países ricos e os doadores multilaterais mobilizaram até agora apenas sete por cento dos cerca de 198,88 mil milhões de dólares (206 mil milhões de euros) necessários aos países da África Ocidental até 2030 para enfrentarem a crise climática e prosseguirem o seu próprio desenvolvimento verde”, fez hoje saber a organização humanitária através de uma declaração.

De acordo com um novo relatório da Oxfam – “Climate Finance in West Africa” -, publicado hoje, 62% dos 11,7 mil milhões de dólares (12,119 mil milhões de euros) reportados pelos doadores entre 2013 e 2019 foram principalmente sob a forma de empréstimos, “que terão de ser reembolsados, na sua maioria com juros, agravando a crise da dívida” destes países.

A Oxfam e cerca de 100 organizações da sociedade civil africana estão, por outro lado, preocupados com a eventualidade dos países africanos chegarem à próxima cimeira climática das Nações Unidas, COP27, no Egito, em novembro, sem confiarem na promessa dos doadores de mobilizarem anualmente 100 mil milhões de dólares (103,6 mil milhões de euros) para a ação climática nos países em desenvolvimento.

Em 2020, por exemplo, apenas 16,7 mil milhões de dólares (17,302 mil milhões de euros) foram mobilizados.

As organizações apelam aos países ricos – os principais responsáveis pelas alterações climáticas – a “fazerem a sua parte para ajudar a região a enfrentar a crescente crise climática que afeta o continente africano”, afirma a Oxfam.

“A maioria dos países está a cair numa espiral de dívida e pobreza, que vai contra o espírito da justiça climática”, declarou a diretora regional da Oxfam para a África Ocidental e Central, Assalama Dawalack Sidi, citada na declaração.

“As consequências são desastrosas para milhões de pessoas, que estão a pagar o preço pelos impactos das alterações climáticas sem culpa própria”, acrescentou a ativista.

Sidi exigiu ainda que os doadores “aumentem urgentemente o financiamento climático e cumpram as suas promessas” e que os fundos sejam concedidos sob a forma de subvenções e não de empréstimos.

De acordo com o relatório, os doadores que mais utilizam empréstimos como proporção do financiamento climático total incluem o Banco Mundial (94%), França (94%), Japão (84%), o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD, 83%) e o Banco Europeu de Investimento (BEI, 79%).





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