200 ativistas foram assassinados em 2021. México foi o país mais mortífero para os defensores do ambiente



No ano passado, 200 defensores de terras e do ambiente foram assassinados em 2021, quase 4 pessoas por semana. A estimativa é avançada pela organização Global Witness, que denuncia que esses ativistas continuam a ser ameaçados por governos, empresas e outros atores não-estatais, apontando que “isto acontece em todas as regiões do mundo e em quase todos os setores”.

De acordo com o relatório ‘Decade of Defiance’, divulgado no final de setembro, o México foi o país onde se registou o maior número de mortes de defensores do ambiente, com 54 vítimas mortais. De seguida, surge a Colômbia, com 33 mortes, o Brasil, com 26, as Filipinas, com 19, a Nicarágua, com 15, e a Índia, com 14.

Quanto ao México, a Global Witness revela que mais de 40% das pessoas mortas eram membros de comunidades indígenas. Por outro lado, adianta que apesar de se ter observado um aumento do número de mortes no Brasil e na Índia, de 20 para 26 e de 4 para 14, respetivamente, foi possível ver uma diminuição na Colômbia e nas Filipinas, de 65 para 33 e de 30 para 19, respetivamente.

“Mais de três quartos dos ataques registados aconteceram na América Latina”, alerta a organização não-governamental (ONG), que sublinha que “no Brasil, no Peru e na Venezuela, 78% dos ataques aconteceram na Amazónia”.

Também em África foram registadas 10 mortes de ambientalistas, sendo que oito aconteceram na República Democrática do Congo, mais especificamente no Parque Nacional de Virunga, “que continua a ser extremamente perigoso para os guardas que o protegem”.

As investigações da ONG permitiram perceber que 57 das mortes estiveram relacionadas com a exploração de recurso naturais, nas áreas da madeira, dos minerais e do agronegócio de larga escala. “Contudo, este número poderá ser ainda maior, visto que as razões por detrás dos ataques contra defensores de terras e do ambiente frequentemente não são investigadas devidamente nem reportadas”.

Segundo os dados divulgados, 50 das pessoas mortas em 2021 eram agricultores de subsistência, “demonstrando como a galopante privatização das terras pela agricultura industrial está cada vez mais a colocar em risco” essas pessoas. “A agricultura familiar de pequena escala, da qual dependem a maioria dos pobres rurais do mundo, é ameaçada por plantações de larga escala”, denuncia a Global Witness.

A ONG apela a que os governos “criem um ambiente seguro” no qual a participação cívica possa crescer, reforçando as leis que protegem os ativistas e povos indígenas, que descriminalizem a contestação e que defendam um ambiente saudável e sustentável.

No que toca às empresas, a Global Witness salienta que devem “identificar, prevenir, mitigar e remediar quaisquer efeitos prejudiciais das suas operações” contra o ambiente e contra quem o defende.





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