Biólogo português vence prémio de Ambiente da Thomson Reuters
O biólogo português Diogo Veríssimo venceu o prémio da IUCN – Thomson Reuters Environmental Media Awards, cujo objectivo é honrar o jornalismo excepcional de ambiente. “Receber este prémio vai ajudar a promover a minha missão de melhorar o alcance e esforços de angariação de fundos para a conservação de biodiversidade. Estou muito grato a todos que me apoiaram, votaram e partilharam o meu texto”, explicou Diogo Veríssimo.
O prémio convidava todos os intressados a exporem a sua visão da sustentabilidade. Diogo Veríssimo, que está a terminar um doutoramento na área da conservação e marketing social, irá agora participar no próximo World Conservation Congress, que se realiza na Coreia do Sul. Este é o principal congresso de conservação na natureza do mundo e decorre apenas de quatro em quatro anos.
A Thomson Reuters recebeu 162 artigos de 48 países, num total de 24.274 votos registados. O biólogo português, que foi apoiado pelo Green Savers, recebeu 5.352 votos.
Recorde o artigo de Diogo.
O “verde” da crise: tornando um revés numa oportunidade (por Diogo Veríssimo)
“A CRISE económica traz dificuldades mas também cria oportunidades. Quer tenha de gerir uma empresa multinacional ou um orçamento familiar, há duas formas de balançar as contas: ou aumenta as receitas ou diminui as despesas. É neste contexto que a crise económica que atravessamos pode ser o incentivo que precisamos para combater aquele que, é porventura, o maior inimigo do desenvolvimento sustentável: o desperdício
A crise económica que presentemente atinge sobretudo a Europa e a América do Norte tem tido implicações desastrosas. Contudo, o corrente quadro económico apresenta, ao mesmo tempo e talvez mais do que nunca, um grande estímulo à eficiência, essa grande amiga da sustentabilidade. E é este impulso para ser mais eficiente que nos pode levar a finalmente lidar com o gigantesco desperdício que impera no estilo de vida da maioria de nós.
Se acha que isto do desperdício não é uma coisa assim tão importante, então continue a ler. Tomemos como exemplo duas das mais básicas necessidades humanas: comida e água. No ano passado 1,3 mil milhões de comida, o equivalente a 25 mil vezes o peso do Titanic e cerca de um terço da produção mundial, foi desperdiçado. Isto dá em média cerca de 200 kg por pessoa. Quanto à água, cerca de um terço da água potável que extraímos é desperdiçada devido a fugas nas canalizações, torneiras a pingar, etc. Um única torneira a pingar pode desperdiçar mais de 20 litros de água por dia. Nos Estados Unidos, as famílias desperdiçam cerca de 1 trilião de litros por ano, o suficiente para encher 40 mil piscinas olímpicas.
Este desperdício colossal, para além de pouco ético, tem um custo também ele colossal. Voltando aos Estados Unidos, o país para o qual há mais dados, €32 mil milhões (R$80,7 mil milhões) são gastos todos os anos em comida que nunca chegará a ser consumida. Isto é 40 vezes mais do que os lucros conseguidos pelo Facebook no mesmo período. A isto temos de juntar mais €600 milhões (R$1,5 mil milhões) por ano para que esta comida desperdiçada seja transportada e mantida em aterros sanitários ou incinerada. Em relação à água, os números são igualmente assustadores. Nos Estados Unidos as famílias gastam cerca de 10 mil milhões (R$25,2 mil milhões) por ano em água que nunca será usada. Isto é 26 vezes o lucro anual da companhia de material desportivo Nike.
Estes números podem inicialmente parecer avassaladores, mas não devem. A enorme quantidade de desperdício produzido pela sociedade em que vivemos é igualada por uma enorme oportunidade, e dado o contexto económico uma necessidade, para ser mais eficiente. Está nas nossas mãos fazer o nosso estilo de vida mais economicamente e ambientalmente sustentável. A diferença está em pequenos detalhes como ter a criatividade de organizar uma refeição com as sobras dos dias anteriores em vez de deitar tudo para lixo ou fechar a torneira enquanto escovamos os dentes poupando litros e litros de água. Podemos e devemos fazer desta crise uma oportunidade para a sustentabilidade ambiental”.