Tecnologia de ponta na rega reflete mudança na agricultura suportada pela inovação
O recurso a tecnologia de ponta para a rega reflete uma mudança de paradigma no setor agrícola em Portugal, na última década, suportado pela inovação, mote da cimeira da AgroInovação, destacou o responsável da DGADR.
“O setor agrícola, na última década, efetuou das maiores transformações ao nível da incorporação da tecnologia. Hoje estamos a regar 82% mais com tecnologias localizadas de ponta. Isto significa que o setor está a incorporar as práticas tecnológicas mais eficientes”, apontou o diretor-geral da Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), Rogério Lima Ferreira, em declarações à Lusa.
Destaca-se a rega monitorizada eletronicamente, por exemplo, através de uma aplicação que controla a quantidade de água introduzida numa determinada planta.
Para a DGADR, este é o reflexo do caminho que a agricultura portuguesa tem feito na última década, desde logo, através da modernização das infraestruturas de regadio.
Além disto, hoje, a apresentação de qualquer projeto de um jovem agricultor implica a existência de um contador de rega.
“No concelho de Alfândega da Fé, num perímetro de cerca de 300 hectares, em Trás-os-Montes, todos os agricultores que gerem o perímetro de Camba têm estes contadores”, exemplificou Rogério Lima Ferreira, reconhecendo, porém, que existe ainda “um grande caminho para fazer” no que diz respeito à reconversão de algumas explorações agrícolas.
A inovação assume assim “especial importância” no que concerne à gestão da água, mas também da energia, através de novos sistemas de controlo mais otimizados.
“Hoje, quando estamos a fazer a rega, através de um conjunto tecnológico, só regamos na hora em que é necessário a planta ter água. É neste binómio tecnlogia-sustentabilidade que a agricultura tem que fazer o seu caminho”, referiu.
A inovação é um dos temas centrais que serão abordados na Cimeira Nacional Agroinovação, que se realiza, terça e quarta-feira, no Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas, em Santarém.
Esta cimeira, organizada pela DGADR, pretende demonstrar “o que melhor se investiga” em Portugal pelos vários ‘players’, desde os agricultores aos investigadores.
“Pela primeira vez, desafiámos as universidades de tecnologias a apresentarem soluções para a agricultura e o agronegócio. O grande mote tem a ver com a realidade virtual e aumentada. O grande foco está no uso eficiente da água e dos restantes recursos, em particular, o solo. O grande desafio é que a tecnologia esteja ao serviço da prática agrícola”, adiantou.
Questionado sobre o impacto da guerra da Ucrânia na agricultura e a consequente escalada energética e aumento dos custos de produção, o diretor-geral da DGADR lembrou que o setor é, “por natureza, complexo e depende de uma série de externalidades”, por isso, o agricultor português tem estado a trabalhar num “cenário difícil”.
Assim, os agricultores têm racionalizado “de forma mais eficiente” os seus recursos.
Já no que concerne à possibilidade de o Orçamento do Estado para 2023 (OE 2023) trazer novas respostas para o setor, Rogério Lima Ferreira disse apenas que “as ajudas continuarão a estar disponíveis”, notando que, na terça-feira, vai ser apresentado o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC).