Cientistas confirmam que vegetação está a influenciar o aquecimento do Ártico
Um estudo publicado este verão revelou que o Ártico, na região mais a norte da Terra, está a aquecer a uma velocidade quatro vezes superior à média do restante planeta desde 1979. Agora, uma nova investigação avança que a vegetação nessa área remota do globo estará a ter um papel central no aquecimento do Ártico e, consequentemente, no degelo.
Com base na análise de dados recolhidos em 64 zonas árticas entre 1994 e 2021, um coletivo de dezenas de cientistas demonstram, pela primeira vez, como a vegetação está a influenciar o aquecimento no Ártico.
Thomas Friborg, da Universidade de Copenhaga e um dos autores do estudo publicado na revista ‘Nature’, afirma que “teoricamente, há muito que se entende que a vegetação superficial ajuda a aquecer uma área”, pois as plantas absorvem radiação solar.
O estudo concluiu agora que as zonas mais secas e com pouca vegetação, como gramíneas e líquenes, são responsáveis por um maior aquecimento, comparativamente, por exemplo, a zonas mais húmidas, onde a energia é convertida em evaporação.
Os autores argumentam que o tipo de vegetação está diretamente relacionado com o aquecimento de uma dada área, e Friborg chega mesmo a afirmar que, “em alguns casos, o tipo de vegetação é quase tão decisivo como a presença de neve” no que toca ao aquecimento.
Com o aumento da temperatura média global, impulsionado fortemente pelas emissões de gases com efeito de estufa lançados na atmosfera pelas atividades humanas, o Ártico está a perder cobertura gelada e a tornar-se mais verde. Por essa razão, os cientistas acreditam que, há medida que cada vez mais gelo superficial é perdido, “compreender como a vegetação interage com a radiação solar e afeta o aquecimento é crucial para as previsões climáticas”, assinala Friborg.
Ele conta que é no Ártico que “mais fortemente vemos o aquecimento global”, e que os modelos hoje usados para prever os aumentos da temperatura do planeta devem ser alvo de refinação e passar incorporar mais destacadamente o papel que a vegetação desempenha nesse fenómeno com repercussões globais.