Animais de estimação dão voz a pessoas com afasia



Um novo estudo mostra que ter um animal de estimação e cuidar dele pode apoiar a comunicação e o bem-estar, especialmente para pessoas com dificuldades de linguagem adquiridas, como a afasia.

Com penas, barbatanas ou pelo, todos os animais de estimação podem fazer-nos sentir mais felizes. Agora, uma nova investigação da Universidade da Austrália do Sul mostra que ter um animal de estimação e cuidar dele também pode apoiar a comunicação e o bem-estar, especialmente para pessoas com dificuldades de linguagem adquiridas, como a afasia.

Em parceria com a Aphasia SA, os investigadores descobriram que os animais de estimação têm uma capacidade única de melhorar a comunicação entre as pessoas com afasia, uma dificuldade de linguagem após uma lesão cerebral que pode afetar a capacidade de uma pessoa falar, ouvir e estabelecer ligações.

Atualmente, mais de 140.000 australianos vivem com afasia.

O estudo demonstrou que os animais de estimação podem proporcionar “melhorias notáveis no bem-estar emocional e social das pessoas, desde o aumento da sua confiança em situações sociais até ao fornecimento de companhia quando se sentem em baixo”.

Charlotte Mitchard, investigadora da UniSA, explica que, embora cada pessoa com afasia se apresente de forma diferente, a doença afeta frequentemente a sua capacidade de falar, ler, escrever e compreender os outros.

“A afasia pode ter um grande impacto na vida de uma pessoa, afetando a forma como esta se relaciona e interage com os outros, bem como a sua participação na comunidade”, afirma Mitchard.

“As pessoas com capacidades de comunicação afetadas podem sentir-se bastante isoladas e sozinhas. Mas um animal de estimação – quer seja um cão, um gato ou mesmo um peixe – pode dar-lhes um objetivo maior e companhia, o que é especialmente valioso para as pessoas que se sentem isoladas devido à sua condição”, acrescenta.

“O meu animal de estimação não se importa se eu não consigo falar corretamente, ele ama-me na mesma”

A investigadora sublinha ainda que os animais de estimação “são também um parceiro de comunicação sem julgamentos, oferecendo amizade sem expectativas” e que “uma das frases mais comuns que ouvimos foi ‘o meu animal de estimação não se importa se eu não consigo falar corretamente, ele ama-me na mesma’.”

A Professora Maria Kambanaros, investigadora principal e patologista da fala, afirma que o estudo representa um ponto de partida para outras investigações sobre animais de estimação e saúde na área da patologia da fala.

“A próxima fase do nosso estudo irá analisar a forma como a posse de um animal de estimação pode ajudar as pessoas que cuidam de pessoas com afasia”, revela a Professora Kambanaros.

“Além disso, estamos também a explorar o impacto da posse de animais de estimação no bem-estar de pessoas com diferentes doenças neurológicas adquiridas, como a doença de Parkinson”, acrescenta.

“Sabemos que os animais de estimação têm um impacto positivo nas nossas vidas. Ao explorar a forma como os patologistas da fala podem apoiar este aspeto na terapia, podemos promover uma qualidade de vida muito melhor”, conclui.

O vídeo do YouTube sobre a investigação está disponível aqui

 





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