Reino Unido: testes em animais batem recorde de 25 anos
Em 2011, a utilização de animais em testes científicos, no Reino Unido, foi a maior dos últimos 25 anos, de acordo com números do Home Office britânico. Segundo a entidade, foram feitos mais de 3,8 milhões de testes – como por exemplo a criação de ratos geneticamente modificados, para imitar doenças neurológicas em animais –, o que equivale a um aumento de 68.100 testes, ou 2%, em relação aos números de 2010.
O Home Office monitoriza a pesquisa em animais desde 1987, pelo que este número poderá ainda ser mais relevante. Nesse ano, o departamento contabilizou 3,5 milhões de testes em projectos de pesquisa. Muitos destes animais são utilizados para mais do que um teste autorizado.
“A longo prazo, [queremos reduzir a utilização de animais em pesquisas]. Mas é algo que não podemos fazer em 12 meses”, explicou Martin Walsh, director da divisão de Testes Científicos em Animais, do Home Office.
Os números reflectem uma mudança na forma como os animais são utilizados por cientistas, nas universidades e indústria farmacêutica. Assim, nota-se uma maior utilização de peixes e aves, e uma grande descida na utilização de macacos – quase de 50%, para os 2.213 – e de ratos.
O aumento dos testes em peixes – cresceram 72.959 em 2010 – deve-se sobretudo à adopção de experiências toxicológicas anteriormente feitas em ratos. O número dá conta dos testes universitários feitos no peixe-zebra, para estudar o desenvolvimento do embrião. Nos primeiros dias de vida, os peixes-zebra são transparentes, o que permite aos cientistas perceberem o desenvolvimento dos seus órgãos e testar o impacto de químicos no seu crescimento.
Leia o relatório do Home Office.
“A pesquisa em animais é conduzida para benefício de humanos e animais, e vimos grandes avanços, nos últimos anos, na prevenção e tratamento de doenças que nos pareciam incuráveis há uma década. Esperamos ver, nos próximos anos, uma diminuição no número de cães, gatos e primatas utilizados, na sequência dos esforços para a redução, refinamento e substituição de animais em pesquisas de cientistas, tal como está previsto no NC3Rs”, explicou, por sua vez, Fran Balkwill, da ONG Understanding Animal Research.
Lançado em 2004, o NC3Rs é um programa britânico que pretende trazer a ética para a pesquisa em animais e que trabalha com organizações governamentais, empresas, laboratórios de investigação e ONG de defesa dos animais.
Leia também este artigo do The Guardian (em inglês), que analisa as diferentes entre os procedimentos e experiências em animais e porque razão o número de procedimentos está a aumentar.