Biodiversidade: Planeta pode perder 10% dos animais e plantas até 2050 e 27% até 2100



A natureza está repleta de redes ecológicas que ligam inúmeras espécies umas às outras, de forma mais ou menos direta, sendo que cada uma representa um elo essencial nas cadeias alimentares. Por isso, o desaparecimento de um desses elos, por exemplo através da sua extinção, pode colocar em risco toda a rede, provocando “extinções em cascata”.

A conclusão é avançada por um grupo de investigadores europeus e australianos, que, recorrendo a modelos de computador, perceberam que, devido à perda de algumas espécies, a Terra deverá perder perto de 10% dos seus animais e plantas até 2050, sendo que até ao final do século essa perda deverá subir até aos 27%.

Os dois cientistas envolvidos no projeto, Corey Bradshaw e Giovanni Strona, argumentam que os modelos de previsão anteriormente usados para estimar a perda de biodiversidade não captam a realidade daquela que é já consideração a ‘sexta extinção em massa’, porque não contemplam as “co-extinções”, isto é, a extinção de uma espécie que é provocada pelo desaparecimento de uma outra da qual depende, devido às alterações climáticas ou à perda de habitat.

Por exemplo, quando um predador perde a sua presa ou quando uma flor perde o seu polinizador, surge o risco de uma extinção em cascata, um efeito dominó, pois “todas as espécies dependem das outras de alguma forma”, explica Bradshaw.

Para poderem perceber de que forma a interconexão entre as espécies, a uma escala global, pode ameaçar a biodiversidade, os investigadores criaram uma Terra virtual constituída por mais de 15 mil cadeias alimentares de “quem come quem”, e aplicaram os efeitos das alterações climáticas e do uso do solo para traçarem as suas projeções.

Desse modelo computorizado, os cientistas perceberam que “as espécies virtuais podiam também recolonizar novas regiões à medida que o clima muda, podem adaptar-se de alguma forma às alterações das condições, podem extinguir-se diretamente por causa das alterações climáticas, ou podem ser arrastadas por uma extinção em cascata”, detalham.

Strona diz que as simulações criadas pela dupla científica permitem prever que “existirão até mais 34% co-extinções até 2100 do que é previsto apenas pelos efeitos diretos”.

Num artigo publicado na revista ‘Science’ onde dão conta das suas descobertas, os investigadores argumentam que “as redes de interações ecológicas” são essenciais para compreender, e prever, as tendências de perda de biodiversidade, e que negligenciar essas relações pode levar a conclusões erradas sobre “o futuro da diversidade global”.





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