COP15: Medidas “mais cruciais” para proteger a natureza deixadas como “trabalho de casa para os líderes mundiais”



Esta semana começou com o fim da cimeira global da biodiversidade, a COP15, da qual resultou o que já é conhecido como o Acordo de Kunming-Montreal e cujos principais eixos estratégicos são, a nível global e até 2030, proteger 30% das áreas terrestres e marinhas e restaurar 30% dos ecossistemas degradados e travar e reverter a extinção de espécies conhecidas.

Contudo, apesar de se considerar o acordo como “histórico”, adotado por 196 países, e como inaugurando uma nova era da relação entre as sociedades humanas e a natureza, da qual são parte indissociável, algumas vozes avisam que o trabalho só agora está a começar e que nada está ainda garantido.

A organização ambientalista internacional Greenpeace aponta como pontos positivos do entendimento o reconhecimento dos povos indígenas como “a ferramenta mais eficaz para a proteção da biodiversidade”, visto que, apesar de apenas representarem 5% da humanidade, “protegem 80% da biodiversidade da Terra”.

Assim, a comunidade internacional reunida em Montreal compromete-se a respeitar os direitos indígenas sobre as suas terras ancestrais no âmbito da implementação do acordo.

Em contraponto, a organização lamenta que a linguagem da meta de proteger, pelo menos, 30% das áreas terrestres e marinhas até ao final desta década não seja suficiente ambiciosa para excluir dessas zonas protegidas atividades que possam prejudicar os equilíbrios ecológicos. Por isso, sugere que os 30% podem não passar de “um número vazio”.

Por isso, o acordo alcançado na COP15 é “um penso rápido para a proteção da biodiversidade”, que deixou as medidas “mais cruciais para a proteção da natureza como trabalho de casa para os líderes mundiais”.

A próxima cimeira global da biodiversidade, a COP16, deverá acontecer em 2024 na Turquia, “onde os governos terão de agir rapidamente” para reforçarem o trabalho que foi feito agora em Montreal.

Preocupações semelhantes são partilhadas pela WWF, cujo diretor-geral Marco Lambertini afirma que a conservação do mundo natural “pode ser erodida pela implementação lenta e pela incapacidade para mobilizar os recursos prometidos”, e critica a ausência de mecanismos para responsabilizar os Estados por não implementarem as medidas definidas no acordo.

“Precisamos agora de ver a implementação imediata deste acordo, sem desculpas, sem atrasos”, assinala o responsável, avisando que “a História julgar-nos-á a todos” se falharmos os compromissos assumidos na COP15.





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