Austrália diz que a biomassa lenhosa não é uma energia renovável
A controvérsia internacional sobre se a biomassa lenhosa deve ou não ser classificada como uma fonte de energia renovável está a aumentar. A 15 de Dezembro, a Austrália inverteu a classificação da biomassa lenhosa como fonte renovável, a primeira grande economia a fazê-lo.
A biomassa refere-se a qualquer tipo de material orgânico animal ou vegetal. A biomassa lenhosa é um subconjunto composto por resíduos e restos da indústria de processamento de madeira e da gestão florestal. Isto inclui árvores danificadas, árvores de baixo valor, ramos infestados por insetos ou doentes e material lenhoso de pequeno diâmetro. Todos estes resíduos parecem promissores. Mais vale queimá-los por energia, certo, questiona o “Inhabitat”.
Segundo a mesma fonte, o problema é que a queima de biomassa “liberta mais emissões de dióxido de carbono por unidade de energia produzida do que o carvão. E leva décadas para que esse CO2 seja reabsorvido por novas árvores de substituição”.
A maioria dos países ainda está a “ignorar esta investigação incómoda”. Mas agora que a Austrália decidiu que a biomassa lenhosa queimada para produzir energia não pode ser classificada como fonte de energia renovável, é um pouco constrangedor que outros países a considerem renovável.
Chris Bowen, ministro australiano das alterações climáticas e energia, reconheceu que a queima de biomassa florestal nativa não pode ajudar a Austrália a atingir o seu objetivo de energia renovável, e a eletricidade que gera não pode ser utilizada para criar certificados de geração comercializáveis em larga escala.
“Ouvimos a comunidade e agimos para responder às suas preocupações”, disse Bowen numa declaração.
Entretanto, nações florestadas como o Canadá, Vietname, EUA e partes da Europa de Leste estão a planear uma colheita seguida de um gigantesco esforço para fazer pellets de madeira. Irão fornecer como fonte de energia renovável a centrais elétricas alimentadas a biomassa no Japão, Coreia do Sul, Reino Unido e UE, entre outros locais. Na UE, os defensores das florestas continuam a lutar por uma inversão da classificação renovável para a biomassa lenhosa, e pelo fim dos subsídios governamentais à indústria de pellets de madeira multi-biliões de dólares.
“Será interessante ver o que acontece a seguir. Sendo a 13ª maior economia do mundo, a Austrália é um ator importante”, sublinha o “Inhabitat”.
“Esta é uma grande vitória para a comunidade, que quer o sector elétrico descarbonizado o mais rapidamente possível e não quer ver florestas nativas exploradas para permitir que os geradores a carvão mudem para as florestas queimadas em vez do carvão”, disse Bob Debus, presidente da Wilderness Australia, numa declaração.