Associação das empresas de recolha de lixo prevê mais greves em todo o país



A Associação Portuguesa dos Empregadores de Resíduos de Limpeza Urbana (APERLU) anteviu hoje que possa haver greves no setor em todo o país, tal como aconteceu esta semana no Norte, considerando que “a saúde pública está em risco”.

Contactado pela Lusa a propósito das greves desta semana na recolha de lixo e resíduos urbanos em vários concelhos do Norte, entre os quais Marco de Canaveses, Lousada e Vila Real, o porta-voz da APERLU, André Matias de Almeida, quis sublinhar que “a situação que agora se verifica nestes três concelhos se vai alastrar ao resto do país”.

O porta-voz da APERLU disse não ter “nenhuma dúvida de que a saúde pública está em risco”, porque “no Marco de Canaveses [distrito do Porto] a adesão à greve é de 100%”, disse, referindo-se à paralisação que decorreu entre segunda e quarta-feira, falando num “acumular do lixo nas ruas já num volume muito considerável”.

Já em Vila Real e Lousada (distrito do Porto), segundo a APERLU, a adesão variou entre os 40% e 75%, e quanto a Torre de Moncorvo (distrito de Bragança), outro dos concelhos em que os trabalhadores da FCC Environment (empresa de recolha de resíduos naqueles municípios) fizeram greve, disse não ter dados concretos.

Segundo o representante da associação, em causa estão os procedimentos de despedimento coletivo encetados pelas empresas, que segundo André Matias de Almeida “aparecem na sequência do insucesso das reuniões realizadas com o Governo, até à data”, em concreto com o Ministério do Ambiente, diretamente com o secretário de Estado do Ambiente e Energia, João Galamba.

“A APERLU pedia ao Governo uma medida ou diploma legislativo similar àquele que é hoje uma realidade para as empreitadas das obras públicas, e que permitia o reequilíbrio dos contratos em face de alterações extraordinárias e imprevisíveis das circunstâncias”, explicou o representante à Lusa.

Segundo André Matias de Almeida, essa alteração é pedida pela APERLU, “porque os contratos foram celebrados entre estas empresas da recolha de resíduos urbanos e municípios portugueses há vários anos”, desde cinco a oito.

“Ao tempo, não era possível acomodar contratualmente aumentos extraordinários do combustível como temos nestas situações, e também o aumento do salário mínimo nacional como temos assistido nos últimos anos”, afirmou.

Segundo o porta-voz, “a manutenção destes contratos revela-se impossível, e disso já foi dada nota ao Governo, e portanto a situação neste momento é dramática”.

Questionado sobre se existe o risco de insolvência das empresas, André Matias de Almeida disse que este é “completamente real”, já que as empresas estão a viver a “impossibilidade de se candidatarem a outros contratos”, ao mesmo tempo que estão sujeitas a ser “alvo de penalizações”.

Na segunda-feira, Joaquim Sousa, dirigente nacional do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional (STAL), que convocou a greve, disse à Lusa que a paralisação teve uma adesão “entre os 40, os 50 e os 100%”, também em Torre de Moncorvo.

O diretor-geral da FCC Environment, Manuel Simões, disse à Lusa, na segunda-feira, que a empresa de recolha de resíduos “não tem capacidade para poder atender às reivindicações dos trabalhadores”, num dia marcado pela greve em quatro concelhos do Norte do país.

Também os trabalhadores em regime de contrato de trabalho temporário cedidos pela empresa Multitrab à Resíduos do Nordeste iniciaram na segunda-feira uma greve ao trabalho normal e suplementar, com o sindicato a dizer que a paralisação se situou nos 99%, mas a paralisação foi hoje suspensa.





Notícias relacionadas



Comentários
Loading...