Selagem artificial vai reforçar impermeabilização de antiga mina em Cerveira
As antigas minas de volfrâmio de Covas, em Vila Nova de Cerveira, desativadas há cerca de 40 anos vão ser alvo de uma selagem artificial, complementada um sistema naturalizado de coleta e tratamento das águas contaminadas, foi ontem divulgado.
Em declarações à agência Lusa, Edgar Carvalho, engenheiro responsável pelo projeto complementar da remediação ambiental da antiga área mineira de Covas, uma intervenção de dois milhões de euros, a cargo da Empresa de Desenvolvimento Mineiro (EDM), explicou que a solução a implementar “é mais robusta e dá maiores garantidas de sucesso, mesmo face a situações de pluviosidade extrema como tem acontecido nos últimos tempos”.
A EDM detém, há 22 anos, a concessão, atribuída pelo Estado português, de remediação ambiental das 199 antigas minas espalhadas pelo país, sendo que já realizou intervenções em 117.
Durante a apresentação do projeto de engenharia, Edgar Carvalho explicou que, em 2007, foi feita uma “selagem naturalizada que não garantiu a impermeabilização total”, originando a drenagem de águas ácidas, que contêm ferro e outros minerais para a ribeira do Poço Negro e depois para o rio Coura, colocando em causa o ambiente, a saúde e a segurança das populações.
“O que pretendemos fazer agora, em comparação à intervenção anterior, que cumpriu os objetivos de naturalização da área e de minimização dos impactes ambientais é reforçar a impermeabilização com uma barreira artificial”, frisou.
O engenheiro da EDM acrescentou que a “impermeabilização com recurso a uma tela composta por material plástico, de alta densidade, vai travar a escorrência de materiais da escombreira [depósitos das antigas minas] que resultaram da exploração mineira, evitando a contaminação dos recursos hídricos existentes nas imediações”.
“Com esta intervenção vamos reduzir, em muito, o impacto na linha de água que está ao lado desta antiga área mineira e resolver o problema ambiental que existe”, disse, referindo-se à ribeira do Poço Negro e ao rio Coura.
Edgar Carvalho explicou que a selagem artificial vai ser complementada com a construção de um sistema de coleta e tratamento das águas contaminadas, uma espécie de Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) natural.
“É um sistema naturalizado que replica o que acontece na natureza, mas dentro de um sistema controlado. Uma sequência de tanques de oxidação destes materiais, em vez de ser na natureza”, especificou.
A intervenção, que deverá começar no verão, vai “complementar” o que foi feito em 2007, “com a remoção e confinamento, num único sítio dos materiais da escombreira, que anteriormente estavam separados em dois locais”.
A solução de engenharia que vai ser implementada na antiga área mineira de Covas já foi aplicada noutras zonas concessionadas à EDM e apresentou “muito bons resultados”.
O responsável adiantou que “a monitorização ambiental” após a empreitada é fundamental, sobretudo “em períodos de precipitação extrema que colocam maiores desafios aos sistemas de engenharia”.
Desativadas desde os anos 80 do século XX, as antigas minas de volfrâmio de Covas foram oficialmente seladas em 2008, após conclusão da intervenção de requalificação realizada pela EDM, num investimento de 1,6 milhões de euros.
O estado das minas nunca deixou de preocupar o poder autárquico local e os ambientalistas da região, que exigiam a selagem de toda a área por existirem episódios de drenagem de águas ácidas, que contêm ferro e outros minerais para a ribeira do Poço Negro e, depois para o rio Coura, colocando em causa o ambiente, a saúde e a segurança das populações.
As minas são atravessadas por diversas linhas de água, afluentes do rio Coura, nomeadamente o ribeiro da Ponte Brasil (ribeiro da mina) e a ribeira do Poço Negro (ribeiro da lavaria).