Um terço das empresas ligadas à desflorestação não tem qualquer política para travá-la



O mais recente relatório da organização Global Canopy, divulgado esta quarta-feira, denuncia que 31% das 350 empresas que mais contribuem para a destruição das florestas tropicais, seja diretamente, seja através das suas cadeias de abastecimento, não têm qualquer medida para deixarem de contribuir para essa destruição.

De acordo com o ‘Forest 500’, das 100 empresas que assumiram compromissos anti-desflorestação para cada uma das matérias-primas que usam, apenas metade estão ativamente a monitorizar os seus fornecedores ou as regiões de origem dos materiais “em linha com os seus compromissos”.

Os relatores recordam que muitas organizações se tinham comprometido em travar a desflorestação até 2020, mas, três anos depois do prazo, continua muito por fazer. Agora, têm até 2025, segundo a meta definida pelas Nações Unidas, para eliminar toda a desflorestação, conversão de solos ou violações dos direitos humanos associados às suas matérias-primas.

“A urgência para agir sobre a desflorestação e as violações dos direitos humanos associadas nunca foi tão forte”, salientam, alertando que “as empesas e instituições financeiras que continuam a não agir estão a parecer cada vez mais mal preparadas e em risco”.

Desde que o ‘Forest 500’ foi lançado em 2014, 38 empresas têm continuamente feito parte do plantel pelas piores razões, e continuam, segundo a Global Canopy, a não ter qualquer medida para combater a destruição das florestas que estão ativamente a patrocinar.

Além das empresas, o relatório olha também para as instituições financeiras, cujos créditos ajudam a impulsionar projetos e operações ligados à desflorestação. Das 150 instituições abrangidas pelo estudo, e que no seu conjunto financiam em 6,1 biliões (trillion, em inglês) de dólares empresas com cadeias de abastecimento associadas à desflorestação, apenas 16 (11%) implementaram medidas para combater essa destruição.

Do outro lado, 92 (61%) das instituições financeiras que têm os maiores impactos não têm políticas para evitar que os seus empréstimos e financiamentos alimentem a ‘máquina’ da desflorestação. No ano passado, essas mesmas instituições terão fornecido 3,6 biliões de dólares em financiamento a empresas que contribuem fortemente para a perda das florestas do planeta.

Indicam as estimativas que somente 32% das instituições financeiras avaliadas no relatório já reconheceram publicamente que a perda das florestas é um risco para os negócios.

Por isso, os autores instam as empresas e os seus financiadores a reconhecerem os riscos da desflorestação para os seus negócios e a definirem compromissos e políticas que permitam, até 2025 “o mais tardar”, livrar as suas cadeias de abastecimento e os seus financiamentos da desflorestação e das violações de direitos humanos associadas a essa destruição.

Em 2021, os líderes mundiais, reunidos na 26.ª cimeira global do clima (COP26), comprometeram-se a travar a desflorestação e a degradação dos solos causadas pela “produção e consumo de matérias-primas”. A Global Canopy diz que os governos devem agora, e com urgência, fazer valer as suas promessas.





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