Gaia quer tornar terreno do Cantinho das Aromáticas “verdadeiramente público”



A Câmara de Vila Nova de Gaia quer tornar “verdadeiramente púbico” o terreno onde está instalado o Cantinho das Aromáticas, uma quinta medieval próxima do centro da cidade onde reside um projeto de agricultura biológica.

“O Município de Gaia está em negociações com o proprietário [do terreno] para adquirir ou permutar o dito terreno, por forma a tornar aquele espaço verdadeiramente público, se possível com o Cantinho das Aromáticas”, lê-se numa resposta remetida à agência Lusa.

Nesse texto, o presidente da autarquia de Gaia, o socialista Eduardo Vítor Rodrigues, frisa que o objetivo da câmara é “negociar o terreno para fins públicos”.

“No local ocupado pelo Cantinho das Aromáticas não é permitido construir, sendo zona verde”, frisa a Câmara de Gaia (distrito do Porto).

Em causa está um espaço privado que está arrendado ao Cantinho das Aromáticas, um negócio ligado à agricultura biológica e com objetivos ambientais e pedagógicos instalado em Canidelo, cujo fundador é Luís Alves, agrónomo que trabalhou no Jardim de Serralves, no Porto.

Ao todo, a quinta tem 10 hectares, sendo que três deles estão reservados ao cultivo de plantas em modo biológico.

Em 2019, em declarações à agência Lusa a propósito do prémio Great Taste Awards, uma espécie de “Óscar da indústria alimentar”, Luís Alves descreveu que eram produzidas, em média, cinco a seis toneladas por ano, de perpétuas, erva príncipe, lúcia-lima, entre outras espécies que, depois de colhidas à mão são transformadas em infusões, tisanas e condimentos.

Soma-se a dimensão histórica da quinta, uma vez que ali terão vivido D. Pedro e Inês de Castro entre 1352 e 1353.

O esclarecimento da autarquia vem na sequência de alertas sobre o futuro do Cantinho das Aromáticas, uma vez que o contrato de arrendamento está na fase final.

A autarquia de Gaia diz ter conhecimento que “a empresa apresentou um plano de insolvência ao Tribunal, devido às dificuldades financeiras que vive e às consequências dos últimos anos de pandemia e de crise”, mas garante que está a tentar “ajudar a salvar o Cantinho das Aromáticas da insolvência”.

“A câmara quer adquirir o terreno para o Cantinho ou para parque público, evitando que a insolvência se concretize. Para tal, temos contado com uma relativa abertura do proprietário, aliás, membro eleito da Assembleia Municipal de Gaia pela Iniciativa Liberal, por isso com sensibilidade seguramente maior”, refere a resposta à Lusa.

No mesmo texto, a autarquia garante que o terreno onde está instalado o Cantinho das Aromáticas não tem capacidade construtiva, um impedimento que ficou definido com a revisão o Plano Diretor Municipal (PDM) de 2009.





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