Preço do arroz europeu atingiu pico e deverá sofrer correções nos próximos anos
O preço do arroz europeu já atingiu o seu pico e poderá sofrer correções nos próximos anos, caso a guerra na Ucrânia não escale, estimou o diretor-geral da Associação Nacional dos Industriais de Arroz (ANIA).
“A nossa previsão é que tenhamos atingido um máximo de preços do arroz europeu, que tenderá a corrigir nos próximos anos, se a guerra não escalar para outros países, claro”, apontou Pedro Monteiro, em resposta à Lusa.
Para isto, contribui também o abrandamento da inflação e a queda dos preços da energia.
No mesmo sentido, a associação espera que os fitofármacos e adubos possam corrigir em baixa os preços máximos.
“Felizmente temos águas nos rios (Mondego, Tejo/Sorraia e Sado) para as próximas campanhas graças às chuvas deste inverno, o que nos permitirá fazer os cerca de 30.000 hectares normais”, referiu.
O aumento do preço do arroz europeu permitiu à produção ter a margem necessária para poder continuar a produzir, apontou o diretor-geral da ANIA, considerando que tal é “extremamente importante”, defendendo que esta é mesmo uma questão de soberania alimentar.
“Não podemos estar totalmente dependentes de países terceiros, a UE [União Europeia] tem que importar quase 50% das suas necessidades de utilização e consumo e o mesmo se passa com Portugal”, vincou.
Por sua vez, no que se refere aos custos de produção, o maior impacto foi no arroz carolino em Portugal e nos arrozes europeus, “que sofreram um impacto duplo dos aumentos decorrentes da inflação e da guerra da Ucrânia devido aos elevados preços da energia nesta campanha, que terminou em setembro”.
Conforme indicou, os países terceiros não sofreram os mesmos impactos duplos, tendo preços mais estáveis.
“Acreditamos que na próxima campanha os preços à produção na Europa tendam a estabilizar, se a guerra não escalar mais”, disse.
No que se refere às diferenças entre as várias categorias de arroz, Pedro Monteiro explicou que o arroz carolino é produzido em Portugal e o agulha é importado, sobretudo, da Ásia e da América do Sul.
“Todas as empresas orizícolas (agrícolas e industriais) são PME [pequenas e médias empresas], enquanto a grande distribuição são grandes empresas e quase todas multinacionais, o que implica uma grande diferença em poder financeiro e negocial. No final, os fabricante e as empresas de distribuição têm a sua própria estratégia de mercado face a cada produto e aí a concorrência entre as 10 indústrias que operam no mercado define o preço final ao consumo”, referiu.
Em fevereiro de 2023, o preço de mercado do arroz, em Portugal, para a categoria jaapónica foi de 650 euros por tonelada, quando em 2022 estava em 330 euros.
Já o preço da categoria índica ascendeu a 465 euros por tonelada, acima dos 340 euros verificados no mesmo período do ano anterior.
De acordo com os dados desta associação, a fileira do arroz conta com 2.000 agricultores e uma área de produção de, sensivelmente, 26.876 hectares.
Em 2022, as exportações ascenderam a 56.865 toneladas, acima das 33.183 toneladas de 2021 e das 44.173 toneladas registadas em 2020.
O principal destino de exportação foi a Jordânia (38,6%), seguindo-se Espanha (23,2%).
Por sua vez, entre janeiro e dezembro de 2022, as importações fixaram-se em 97.240 toneladas, acima das 74.840 toneladas de 2021, mas abaixo das 99.212 toneladas de arroz importadas em 2020.
No ano passado, o principal país de origem foi Espanha (32%), seguido pela Guiana (28,6%).