Não há praticamente nenhuma região costeira no mundo que escape à pressão humana



Investigadores da Universidade de Queensland, na Austrália, estudaram as regiões costeiras em todo o mundo e perceberam que 97% delas apresentam pelo menos um fator de pressão provocado pelas atividades humanas.

“Não há praticamente nenhum local no planeta, fora das regiões polares, que não apresente alguma forma de pressão humana na sua linha costeira”, assinala Salit Kark, um dos autores do artigo, que será publicado em abril na revista ‘Ocean and Coastal Management’ e que revela os resultados da investigação.

Para o cientista, nós, humanos, “influenciámos a maioria das áreas costeira a nível global”, pelo que se torna necessário “mapear e compreender os nossos impactos e também deixar intocadas algumas linhas costeiras”.

Os ecossistemas costeiros, dos quais são exemplos os manguezais, desempenham um papel central na regulação climática, uma vez que se estima que sejam capazes de sequestrar mais carbono do que os ecossistemas terrestres. Além disso, funcionam também como barreiras naturais contra eventos climáticos extremos, como tempestades, protegendo as comunidades costeiras dos priores efeitos.

Por serem também habitats a meio caminho entre a terra e o mar, as zonas costeiras albergam uma grande diversidade de espécies de animais e de plantas que são fundamentais ao bom funcionamento dos ecossistemas desses dois ‘mundos’ altamente interdependentes, contrariamente ao que se possa pensar.

Apesar de todos os serviços vitais que disponibilizam, esses ecossistemas continuam a ser alvos de sucessivos ‘ataques’ e a ser degradados, e as ameaças vêm quer da terra, quer do mar.

Olhando para o que se passa na Austrália, Hannah Allan, que também assina o artigo, aponta “a dimensão da população humana, o turismo e as estradas” como os principais fatores se stress com origem em terra que fazem aumentar “a pegada humana costeira” nesse país. Quanto ao que vem do mar, a investigadora explica que a maior parte da pressão é exercida sobre os ecossistemas costeiros pelo aumento da temperatura superficial da água, pela poluição e pelo transporte marítimo.

Por isso, defende Hannah Allan, “a conservação costeira deve incorporar as conexões terra-mar”.

No que toca a países, os investigadores explicam que as costas da Bélgica, do Mónaco e de Singapura são as que apresentam a maior ‘pegada humana’, ao passo que, sem surpresa, no Ártico e na Antártida os impactos são os menores a nível mundial.

O estudo mostra ainda que as zonas costeiras com praias de areia, e que, por isso, atraem mais pessoas, apresentam maiores impactos humanos do que as que têm praias sem areia.

Noam Levin, o terceiro coautor, afirma que “uma das principais descobertas é que a poluição luminosa está a aumentar” nas regiões costeiras, fruto da expansão de zonas urbanas para mais perto do mar, “com mais LEDs brancos a serem usados, colocando ainda mais pressão em áreas de grande importância para a biodiversidade” e “perturbando os padrões naturais da vida selvagem”.





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