Descarte incorreto de efluentes domésticos e industriais provocam emergências ambientais em Angola
Um especialista angolano em ciências hídricas e ambientais apontou hoje o descarte incorreto de efluentes fecais e industriais sem tratamento no mar, rio e solos e o derramamento de óleos nos mares como tipos de emergências ambientais em Angola.
Francisco Lopes, que falou sobre a água e o saneamento e o seu contributo face à emergência ambiental, referiu-se também ao descarte incorreto do lixo hospitalar ou material biológico como ações que ameaçam o ambiente em Angola.
Segundo o engenheiro hidráulico, alagamentos e inundações de zonas residenciais e industriais por falta de mecanismos de coleta e acondicionamento das águas pluviais põe igualmente em risco o bem-estar das populações no país.
O especialista apontou o rompimento de barragem com rejeitados minerais, como aconteceu em 2022 na província angolana da Lunda Sul, e a quebra de dutos (condutor de resíduos) e tubulações na indústria e urbanização como ações que concorrem para a emergência ambiental.
Para Francisco Lopes, que intervinha num debate aberto da sociedade civil, promovido pelo Ministério do Ambiente angolano no âmbito da IX Reunião dos Ministros do Ambiente da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), prevista para Luanda, Angola também tem “desafios” de ordenamento do território.
No entender do especialista, “a gestão urbana e ordenamento deficientes, ausência ou qualidade de projetos deficientes” e a falta de estruturação do sistema de recolha de resíduos sólidos estão entre os fatores que propiciam emergências ambientais em Angola.
Como medidas para mitigar emergências ambientais defendeu o ordenamento do território, loteamento e infraestruturação e a qualidade dos projetos associados a estudos de impacte ambiental.
Planos curriculares nas instituições de ensino de engenharia ambiental “devem ser definidos e acompanhados pelo Ministério do Ambiente”, como responsável da coordenação das políticas ambientais, defendeu ainda o especialista.
O encontro que congrega vários atores da sociedade civil ligados à proteção e promoção do ambiente visa colher contributos que reflitam as inquietações da sociedade e as possíveis soluções nesse domínio para apoio à discussão na IX Reunião dos Ministros do Ambiente da CPLP.