Apresentado amanhã o primeiro Livro Vermelho dos Invertebrados de Portugal Continental



Amanhã, dia 18 de julho, será apresentado, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, o primeiro Livro Vermelho dos Invertebrados de Portugal Continental, que reúne os resultados da primeira avaliação do risco de extinção de cerca de 800 espécies de insetos, aranhas, gastrópodes, bivalves e crustáceos.

Em comunicado enviado às redações, a coordenação do projeto explica que a obra “dá a conhecer informação relevante sobre as espécies classificadas como ameaçadas, com base na avaliação do risco de extinção, de acordo com os critérios e categorias da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN)”.

Caracol da espécie Xeroplexa coudensis.
Foto: David Holyoak

Dizem os especialistas envolvidos que os invertebrados representam a maior parte da diversidade terrestre, estimando-se que em Portugal continental possam ocorrer mais de 20 mil espécies deste importante grupo de organismos, muitas delas exclusivas do nosso país.

Atualmente, apenas 14 espécies de invertebrados terrestres estão legalmente protegidas em Portugal continental, ao abrigo da Diretiva Habitats. No entanto, alertam que esse elenco de espécies não é representativo da considerável diversidade dos invertebrados de Portugal, nem inclui as espécies mais ameaçadas no país.

Gafanhoto da espécie Stenobothrus grammicus.
Foto: José Conde

“Diversas espécies de invertebrados apresentam distribuições geográficas muito restritas ou são altamente especializadas no seu habitat, pelo que se encontram muito vulneráveis a alterações ambientais e a outro tipo de pressões”, apontam os cientistas, salientando que “é imperativo que as medidas e estratégias de conservação sejam efetivas e adequadas ao nosso território e que contribuam para o esforço internacional de travar a perda de biodiversidade a nível mundial”.

Os investigadores dizem que os invertebrados são “a face oculta” da crise da biodiversidade que marca os nossos tempos, e que é “geralmente ignorada” pelos esforços de conservação da natureza.

E a perda de invertebrados nos ecossistemas poderá resultar em “graves consequências em processos ecológicos importantes, como a polinização, a reciclagem de nutrientes ou a dispersão de sementes, podendo, em casos extremos, levar ao seu colapso”, avisam.

Crustáceo da espécie Lepidurus apus.
Foto: Luis Cancela da Fonseca

As espécies de invertebrados que constam desse novo Livro Vermelho serão integradas no Cadastro Nacional de Valores Naturais Classificados, “passando a beneficiar de proteção legal em Portugal”.

Por isso, este trabalho é considerado “um importante marco na conservação ambiental no nosso país” e ajudará a orientar a “definição de prioridades de conservação”, bem como servirá de referência para a tomada de decisão em matérias relacionadas com a conservação da natureza em Portugal.

Aranha Anapistula ataecina.
Foto: Pedro Cardoso

O trabalho resulta da colaboração entre o Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c) e o Instituto para as Alterações Globais e Sustentabilidade (CHANGE), em parceria com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). E foi cofinanciado pelo Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos (POSEUR) e pelo Fundo Ambiental (FA).





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