Recursos naturais permitem transição energética verde e lucrativa para África
O secretário executivo da Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA) defendeu esta segunda-feira que o continente africano deve aproveitar os recursos naturais para potenciar uma transição energética verde e lucrativa e uma industrialização sustentável.
“O continente africano tem recursos disponíveis suficientes para impulsionar uma industrialização sustentável e verde, e fazer com que o acordo de livre comércio funcione realmente para África”, disse António Pedro na sua intervenção junto da reunião ordinária do conselho executivo da União Africana, reunido ontem em Nairobi, no Quénia.
No seu discurso, António Pedro exemplificou que usando todo o potencial do Rio Congo e construindo as barragens Inga III e IV, seriam gerados 70 mil megawatts, “que beneficiariam cerca de 15 países africanos” e que seriam a maior fonte de energia renovável a nível mundial, com o dobro da capacidade da barragem chinesa Three Gorges“.
Estes investimentos, acrescentou devem ser prioritários para os bancos multilaterais de investimento, que devem atrair os investidores estrangeiros através de veículos financeiros criados especificamente para este efeito.
“A concretizar-se, isto iria virar o jogo para o desenvolvimento de infraestruturas, sendo a maior fonte única de energia renovável a nível mundial”, salientou.
Para defender as vantagens e a necessidade de aproveitar os recursos naturais, António Pedro salientou os minerais para carregamento de equipamentos elétricos, cada vez mais importantes no contexto da transição para fontes energéticas menos poluentes.
“África tem uma oportunidade de ouro para ser um líder global na eletrificação dos sistemas de transportes e mobilização de energia solar e eólica, que são transições críticas para cumprir as metas [de carbono]zero do mundo”, disse o responsável.
Lembrando que o mundo vai precisar destes minerais como o cobalto ou o magnésio, o secretário executivo da UNECA afirmou: “África tem mais de metade da oferta mundial destes minerais, e pode ganhar imenso com esta procura; a zona económica especial transfronteiriça entre a República Democrática do Congo e a Zâmbia pode potenciar a participação de África num mercado global que vale 7,7 biliões de dólares [6,8 biliões de euros] em 2025 e 45 biliões de dólares [40 biliões de euros] em 2050, num mercado de energia renovável que, no total, valia 881,7 mil milhões de dólares [784,3 mil milhões de euros] em 2020 e deve chegar perto de 2 biliões de dólares [1,7 biliões de euros] até 2030”.
Ainda no capítulo energético, António Pedro destacou também a importância do mercado de créditos de carbono como “uma incrível oportunidade para gerar mais de 50 mil milhões de dólares [44 mil milhões de euros] por ano em receitas para as necessidades de financiamento climático do continente” e concluiu que este mercado permite a criação de novas oportunidades de emprego, a melhorar da biodiversidade e dos ecossistemas costeiros e a contribuição para a sustentabilidade económica, social e económica, ao mesmo tempo que garante acesso a energia e água limpas.