Açores vão controlar excesso de aves protegidas que são praga para agricultura



O Governo dos Açores espera ter operacional até ao final do mês um plano de combate às pragas, alertando que existe um “excesso” de população de aves protegidas que estão a causar prejuízos aos agricultores.

“Nós não somos contra as aves protegidas. Queremos é que exista uma população em equilíbrio com aquilo que é a vivência da económica de âmbito agrícola. Neste momento, há um excesso dessas aves protegidas. Estou a falar do melro-preto, pombo-torcaz e da rola-turca”, afirmou o secretário da Agricultura e Desenvolvimento Rural à agência Lusa.

António Ventura alertou que aqueles animais estão a “afetar economicamente” muitas produções locais nas áreas da horticultura, vinicultura e milho.

“É a nossa ideia que em final de agosto possamos ter uma abertura e uma autorização para que se possa corrigir o excesso de população”, vincou.

No sábado, o BE manifestou-se contra o abate de espécies protegidas através de um plano operacional para o combate a pragas que afetam as culturas na região, pedindo “toda a documentação técnica e científica” para fundamentar o pedido de autorização à Comissão Europeia realizado pelo Governo Regional com vista a abate destas espécies”.

Hoje, o secretário regional afirmou que o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) está a “elaborar um relatório que identifica e justifica de forma muito precisa” que as populações daquelas aves “estão em excesso nos Açores”.

Ventura realçou que o aumento da população do torcaz, rola-turca e melro-preto está a “afastar outras espécies de aves que estão a desaparecer”.

“Num ano aumentamos mais de mil hectares da produção local de milho. Não podemos incentivar e querer aumentar a produção local de milho para substituir as importações tendo em conta a conjuntura da guerra quando depois as pragas são uma dificuldade local”, declarou.

Relativamente a outras pragas, o governante lembrou que a caça ao pombo da rocha está “aberta todo o ano” e adiantou que o executivo vai aumentar o fornecimento de veneno de ratos aos agricultores.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da associação Terra Verde alertou que as pragas atingem sobretudo as hortícolas e frutícolas, dando o exemplo da batata, melancia, meloa ou cenoura.

Manuel Ledo exemplifica com o caso do pombo torcaz, já que mesmo estando os terrenos abrigados com redes de proteção de “custos elevados” consegue provocar “muitos prejuízos”.

“Existe uma população muito elevada, mesmo dos animais protegidos. A densidade aumentou de tal forma que é difícil existir um controlo sem haver uma intervenção na população, como a abertura da caça”, defendeu.

O responsável pela Terra Verde, que junta 120 produtores, também destacou os impactos da praga do coelho e dos ratos, que tem causado “bastantes prejuízos”, pedindo um “combate às pragas de uma ponta à outra”, envolvendo municípios e vários departamentos governamentais.

“Não queremos eliminar todas as espécies, mas é preciso um equilíbrio. Devemos sustentar todas as espécies, mas os prejuízos caem sempre no agricultor. Tem de existir a contribuição de todos”, apelou Manuel Ledo.

E concluiu: “Já produzimos, em muitos casos, tendo em conta as perdas, mas quando as perdas passam para um número tão elevado que atingem muitas vezes os 70% a 80% da produção é difícil”.





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