A “angústia climática” está a afetar a nossa saúde mental, mas pode motivar a ação
A preocupação com as alterações climáticas provoca muitas emoções negativas nos jovens do Reino Unido, mas pode também motivá-los a tomar medidas positivas a favor do ambiente, segundo um novo estudo realizado por uma equipa de investigação do Imperial College de Londres e da Universidade de Queensland.
Muitas pessoas, especialmente os jovens, estão cada vez mais preocupados com as alterações climáticas. No novo estudo, os investigadores inquiriram jovens adultos do Reino Unido, com idades compreendidas entre os 16 e os 24 anos, sobre a sua experiência de “angústia climática”.
Fizeram perguntas sobre a sua saúde mental e bem-estar geral, a sua angústia face às alterações climáticas, o modo como as alterações climáticas afetaram positiva ou negativamente a sua vida e se estão envolvidos em ações pró-ambientais e climáticas.
Os resultados do estudo sugerem que a existência de problemas de saúde mental pode tornar uma pessoa mais vulnerável à angústia climática.
10% dos inquiridos muito angustiados e preocupados com alterações climáticas
Cerca de 10% dos inquiridos declararam estar muito angustiados e preocupados com o impacto das alterações climáticas no seu futuro com mais frequência do que com qualquer outra questão. Embora poucos destes indivíduos tivessem experimentado extremos climáticos, referiram estar perturbados com a degradação ambiental de locais que lhes eram queridos, com a frustração pela falta de ação em matéria de alterações climáticas, com a falta de capacidade de ação pessoal, com a preocupação com o seu futuro e com sentimentos de culpa e vergonha.
No entanto, os inquiridos altamente angustiados também eram mais propensos a declarar que encontravam sentido e realização no seu envolvimento em ações a favor do clima. Tanto as emoções positivas, como a esperança, como as negativas, como a raiva e a frustração, estavam ligadas ao ativismo climático, enquanto a culpa, a vergonha, a tristeza e o medo estavam associados a uma menor participação na ação.
Os autores do estudo apelam a uma investigação mais aprofundada sobre este fenómeno para compreender por que razão a angústia climática motiva algumas pessoas a agir e leva outras à inação. Salientam também a importância de desenvolver ferramentas que ajudem os jovens a prosperar e a atenuar a crise climática de forma segura e eficaz.
“Mesmo no meio da pandemia global, e apesar de terem sido poupados aos piores impactos climáticos, os jovens residentes no Reino Unido estavam preocupados com as alterações climáticas. O nosso trabalho sugere que as emoções ligadas às alterações climáticas podem inspirar a tomada de medidas, o que tem implicações para a forma como comunicamos sobre as alterações climáticas. Nossas descobertas também destacam a necessidade de apoio psicossocial direcionado e sensível ao clima para sustentar o envolvimento climático dos jovens e a saúde mental simultaneamente”, concluem.