Secas causadas pelas alterações climáticas podem transformar partes da Amazónia em savanas



As florestas tropicais, como a Amazónia, são importantes locais de biodiversidade e aliados fundamentais no combate às alterações climáticas, pois absorvem e sequestram grandes quantidades de carbono retirado da atmosfera.

Mas essas mesmas mudanças do clima, provocadas pelas emissões de gases com efeito de estufa geradas pelas atividades humanas, podem, com o tempo, vir a converter partes da floresta tropical amazónica em savanas, habitats secos com vegetação rasteira e árvores dispersas.

Num artigo publicado recentemente na revista ‘PNAS’, investigadores dos Estados Unidos da América, Brasil e Espanha alertam que esse fenómeno de savanização pode comprometer a capacidade daquele que ainda é considerado o ‘pulmão do mundo’ para armazenar carbono.

“Como as previsões sobre o futuro apontam para climas mais secos nos trópicos, saber onde e como as florestas de hoje se tornarão savanas ajudar-nos-á a prever como o ciclo de carbono poderá mudar, exacerbando o aquecimento [do planeta]”, explica Caio Mattos, investigador da Universidade de Rutgers e principal autor do artigo.

Este estudo, segundo o cientista, mostra que “várias áreas da floresta tropical amazónica, que antes se pensava estarem protegidas, correrão o risco de sofrerem uma mudança para um estado tipo savana”.

Estima-se que a Amazónia armazene cerca de 123 mil milhões de toneladas de carbono, quer acima, quer abaixo do solo, sendo, assim, uma importante peça da estabilidade do clima planetário. Se parte dela se converter em savana, com menor densidade vegetal, essa capacidade de sequestro carbónico poderá cair a pique, com consequências para os padrões climáticos globais, intensificando ainda mais as alterações que hoje vemos e sentimos.

Caracterizada pela presença predominante de herbáceas e árvores dispersas, ao contrário da densidade das florestas tropicais, as savanas, apesar de serem também locais de biodiversidade considerável, não retêm tanto carbono.

Embora outros estudos prevejam que o processo de savanização acontecerá sobretudo nos limites sul do bioma amazónico, os autores deste artigo acreditam que esse fenómeno poderá acontecer mesmo “no coração da Amazónia”.

E argumentam que as alterações climáticas tornarão os ciclos hidrológicos mais instáveis, alterando, dessa forma, as condições ambientais e de disponibilidade de água no solo que são essenciais para suportar a existência da floresta tropical.





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