Próxima época das chuvas em Moçambique ameaça pelo menos 800 mil pessoas

As autoridades moçambicanas admitem que a próxima época das chuvas de 2023/2024 ameaça pelo menos 800 mil pessoas no país, mas preveem também seca severa em algumas regiões, foi hoje divulgado.
“Cerca de 280 mil hectares de áreas potencialmente agrícolas” poderão também ser afetadas durante a próxima época das chuvas, disse Agostinho Vilanculo, chefe do departamento de bacias hidrográficas na Direção Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos, durante o 10.º fórum de antevisão climática que decorre em Maputo.
O responsável alertou, ainda, para o risco de inundações no país face ao nível de armazenamento “relativamente alto” das barragens moçambicanas e da África do Sul, país vizinho.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INAM) de Moçambique, os distritos de Chibuto, Mapai, Guijá, Mabalane e Massingir, na província de Gaza, no sul de Moçambique, poderão ser afetados por “seca moderada a severa”.
O INAM prevê ainda “chuvas normais, com tendência para abaixo do normal no sul e centro de Moçambique e chuvas normais na região norte”, disse Bernardino Nhantumbo, técnico da instituição.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afetados pelas alterações climáticas no mundo, enfrentando ciclicamente cheias e ciclones tropicais durante a época chuvosa, que decorre entre outubro e abril.
Pelo menos 302 pessoas morreram e mais de um milhão foram afetadas por desastres naturais em Moçambique durante a época das chuvas 2022/2023, indicam os últimos dados do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD).
O período chuvoso de 2018/2019 foi dos mais severos de que há memória em Moçambique: 714 pessoas morreram, incluindo 648 vítimas dos ciclones Idai e Kenneth, dois dos maiores de sempre a atingir o país.