Zero propõe medidas alternativas à estrutura das tarifas de transportes públicos
A associação ambientalista Zero propõe um conjunto de medidas que visam dar alternativas à estrutura de tarifas dos transportes públicos, tornando o acesso mais fácil, barato, flexível e adaptável à generalização do trabalho remoto.
Ao todo, a Zero propõe seis medidas para os transportes públicos com o objetivo de “reforçar a atratividade do sistema de passes para os empregadores e cidadãos individuais, adaptando-os às necessidades contemporâneas dos utilizadores”.
Numa altura em que está a decorrer a Semana Europeia da Mobilidade, a Zero propõe um tarifário para o trabalho híbrido com a implementação de um tarifário/passe que inclua cinco, 10 ou 15 dias de utilização à escolha durante o mês, com valores que variem em função do número de dias.
Na nota divulgada, a associação sugere igualmente um sistema de teto nos custos das viagens que assegura que o utilizador não paga mais do um determinado valor pelas deslocações.
“Este sistema permitiria aos utilizadores eventuais do transporte público não pagarem mais do que um determinado valor, que pode ser diário, semanal ou mensal, permitindo a utilização de todos os transportes públicos durante esses períodos”, explica a associação.
Os ambientalistas propõem também que o uso do transporte público fora das horas de ponta recompense os utilizadores com um desconto no passe do mês seguinte.
A Zero propõe igualmente uma modalidade de ‘passe + estacionamento automóvel’ em qualquer parque em redor das cidades, bem como a criação de um passe único mensal que permita acesso generalizado aos transportes públicos disponíveis em todo o país.
Por fim, a associação sugere a “criação de parcerias colaborativas entre as autoridades de transporte e os espaços de ‘co-working’, que incluiria a possibilidade de estabelecer uma modalidade de passe a adquirir pelos empregadores para distribuir entre os trabalhadores, combinando num certo número de dias o transporte público com acesso a um centro de ‘co-working’ próximo da residência”.
A Zero recorda, citando dados dos Censos de 2021, que cerca de dois terços dos portugueses continuam a utilizar o carro como meio de transporte para se deslocarem e que o consumo de combustíveis e as emissões nos transportes continuam a aumentar, representando quase 30% de todas as emissões em Portugal.
Por isso, a associação ambientalista considera urgente a implementação de medidas que incentivem uma transição do uso do automóvel particular para o transporte público.
A Zero sublinha que esta situação ocorre num contexto em que, com a adoção do trabalho híbrido, se assiste a uma mudança significativa nos padrões de mobilidade.
“De acordo com os dados disponíveis, cerca de um milhão de trabalhadores mantêm-se em trabalho parcial ou totalmente remoto, o que pode ter levado muitos deles a deixarem de adquirir passes mensais de transporte público, preferindo, em vez disso, utilizar ocasionalmente o carro […], o que poderá ser um fator explicativo da tendência de aumento das emissões nos transportes e dos crescentes níveis de tráfego nas cidades”, refere a Zero.
A Zero destaca também, numa altura em que o Governo lançou iniciativas como os passes gratuitos para os jovens até aos 23 anos e o Passe Nacional Ferroviário, a importância do transporte público acessível, beneficiando as populações com baixos rendimentos.
Para a Zero, deve ser dada “atenção especial à qualidade do serviço prestado, tanto nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto como fora delas, convocando para tal esforço o Fundo Ambiental, que deve assegurar as condições financeiras regulares […] para a melhoria da oferta e da bilhética”.
Segundo a associação, as “Comunidades Intermunicipais devem garantir adequados níveis de coordenação operacional, os operadores de transporte e as Câmaras Municipais, que devem assegurar adequadas condições de circulação aos veículos de transporte público rodoviário”.