ONG pede urgência para inverter degradação dos rios que ameaça valor da água
A Associação Natureza Portugal (ANP), em conjunto com a World Wildlife Fund (WWF), pediu ontem urgência para inverter a degradação dos rios, lagos, zonas húmidas e aquíferos, que tem ameaçado o valor económico da água.
“É urgente inverter este ritmo desastroso de destruição e degradação e resolver rapidamente os problemas relacionados com a água”, adiantou a diretora-executiva da ANP|WWF, Ângela Morgado, citada em comunicado.
A posição da organização não governamental (ONG) surge depois da WWF ter publicado, no âmbito do Dia Mundial da Alimentação, um estudo – High Cost of Cheap Water (O Alto Custo da Água Barata) – que concluiu que o valor económico anual da água e dos ecossistemas de água doce está estimado em 58 biliões de dólares (cerca de 55 biliões de euros, ao câmbio atual) – o equivalente a 60% do Produto Interno Bruto (PIB) global.
De acordo com Ângela Morgado, a Lei Europeia do Restauro da Natureza “é necessária e pode ser um instrumento fundamental” para fazer face à crise, de forma a reparar “os ecossistemas de água doce vitais para a existência de água limpa e abundante para consumo, alimentação, indústria e biodiversidade”.
“A água é a base de toda a nossa existência enquanto espécie. Este relatório vem mostrar como a água doce e os seus ecossistemas são imprescindíveis para a nossa economia, saúde e ambiente. Rios, lagos e zonas húmidas saudáveis são essenciais para assegurar a nossa alimentação e a nossa própria sobrevivência”, sustenta.
A ANP|WWF lembra ainda que os ecossistemas mundiais de água doce estão numa espiral descendente.
“Cada vez mais pessoas enfrentam a escassez de água e a insegurança alimentar, uma vez que os rios e os lagos estão a secar, a poluição está a aumentar e as fontes de alimentos, como a pesca de água doce, estão a diminuir”, indica.
“(…) A extração de quantidades insustentáveis de água e as alterações dos caudais dos rios, bem como os impactos das alterações climáticas colocam ainda mais em perigo os ecossistemas de água doce – dois terços dos maiores rios do mundo já não correm livremente, e as zonas húmidas continuam a perder-se três vezes mais depressa do que as florestas”, acrescenta.
Em setembro, várias ONG europeias, entre as quais a WWF, alertaram para a necessidade de uma transformação estrutural da Política Agrícola Comum da União Europeia para apoiar uma transição justa para a sustentabilidade, considerando que a remodelação dos sistemas alimentares é essencial para salvaguardar a “capacidade de produzir alimentos a longo prazo, acabar com a fome, e enfrentar as múltiplas crises ambientais mundiais”.