Bolieiro defende “literacia didática” para negacionistas das alterações climáticas
O presidente do Governo dos Açores defendeu ontem uma “literacia didática” para os negacionistas das alterações climáticas, alertando que a região é “mais vítima” do que “contribuinte” dos impactos das mudanças no clima.
“Nós estaremos contra os negacionistas porque estamos convictos de que a realidade é testemunhada, tem consequência, e de que a nossa intervenção pode contribuir para uma mitigação de uma economia excessivamente carbonizada”, declarou José Manuel Bolieiro.
O líder do executivo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) discursava na sessão de abertura da conferência internacional “Planclimac Projet Final Conference – Adaptation and Mitigation to Climate Change”, destinada à reflexão sobre os impactos das alterações climáticas, que decorre no Coliseu Micaelense, em Ponta Delgada.
Bolieiro disse estar solidário com as “novas gerações” e defendeu a “importância de sensibilizar a geração mais velha” para o fenómeno da mudança climática e de promover uma “literacia didática contra os negacionistas que ainda subsistem”.
“Os Açores, a nossa economia, a nossa exposição ao mar, à imensidão do nosso mar no atlântico norte, coloca-nos enquanto região e economia mais vítimas das alterações climáticas do que contribuintes”, declarou.
O presidente do executivo açoriano defendeu que o arquipélago é uma “referência” quanto à sustentabilidade ambiental e na utilização das energias renováveis.
“Não me parece justo o ataque às opções de Portugal, com os Açores à frente, em matéria de sensibilidade para uma ideia de desenvolvimento sustentável”, atirou.
Bolieiro avisou para as “situações extremas da natureza”, decorrentes das alterações climáticas, e exemplificou com a “destruição da obra feita” pelo furacão Lorenzo e pela tempestade Efrain (intempéries que assolaram os Açores em outubro de 2019 e dezembro de 2022, respetivamente).
Relativamente aos fundos comunitários, o chefe do Governo Regional defendeu a necessidade de ter um “foco prioritário” quanto à segurança das populações, à descarbonização da economia e à proteção das orlas costeiras.
“Há que compreender as prioridades do investimento público. Estamos a fazer focados nesse objetivo e nem sempre, creio eu, compreendidos”, concluiu.