Descoberta elevada diversidade genética nos leopardos sul-africanos



Segundo os investigadores, a descoberta de uma diversidade genética muito elevada nos leopardos encontrados na região de Highveld, na África do Sul, veio aumentar a necessidade de esforços de conservação para proteger os leopardos no país.

Declan Morris, candidato a doutoramento na Escola de Ciências Animais e Veterinárias da Universidade de Adelaide, liderou o projeto de investigação, que descobriu que as duas linhagens maternas de leopardos existentes em África se sobrepõem na região de Highveld, o que conduz à elevada diversidade genética.

Uma linhagem pode ser encontrada na maior parte do continente africano, enquanto a outra está confinada sobretudo às regiões do Cabo Ocidental, Cabo Oriental, KwaZulu-Natal e Mpumalanga da África do Sul.

“Compilámos o conjunto de dados de ADN mitocondrial (ADNmt) mais abrangente até à data para explorar as tendências e a genética dos leopardos à escala continental”, afirma Morris.

“Os resultados da nossa análise, utilizando uma combinação de mtDNA, microssatélites e comparações com os resultados de outros estudos publicados, foi o que nos permitiu determinar que a população de leopardos no Highveld de Mpumalanga tinha os níveis mais elevados de diversidade genética do país”, acrescenta.

A diversidade genética é importante para a sobrevivência de uma espécie a longo prazo.

“Uma elevada diversidade genética aumenta a capacidade de uma espécie se adaptar às alterações do ambiente que a rodeia; por conseguinte, pode tornar as espécies mais resistentes a acontecimentos como as alterações climáticas ou a introdução de novas doenças”, sublinha Morris.

“A descoberta de que os leopardos de Highveld têm os níveis mais elevados de diversidade genética registados na África do Sul é significativa, uma vez que coloca uma elevada prioridade de conservação para a população da região”, adianta.

É provável que as duas linhagens de leopardos tenham divergido entre 960.000 e 440.000 anos atrás, devido à aridificação da bacia do Limpopo entre 1.000.000 e 600.000 anos atrás. Ambas as linhagens de leopardos estão agora a juntar-se na província de Mpumalanga, onde foi realizado o trabalho de doutoramento de Morris.

“Inicialmente, tínhamos colocado a hipótese de que os leopardos de Highveld estariam isolados, uma vez que existem numa região altamente fragmentada, mas esta descoberta mostra-nos que não estão tão isolados como pensávamos”, afirma Morris.

“O fluxo genético está a ocorrer com as áreas de Lowveld e o Parque Nacional Kruger. Encontrámos um nível inesperado de conetividade, mesmo em paisagens altamente modificadas pelo homem”, acrescenta.

Morris, cuja equipa de investigação inclui Todd McWhorter e o Professor Associado Wayne Boardman da Universidade de Adelaide, e colaboradores da Universidade de Pretória e da Universidade de Venda, espera que esta descoberta dê maior importância à conservação das populações de leopardos na África do Sul.

“Espera-se que esta informação ajude a mudar as atitudes em relação à gestão dos leopardos e que seja utilizada para fundamentar as decisões de gestão – como a escolha da translocação em vez da emissão de licenças de destruição para animais que causam problemas”, afirma ainda.

“Uma das maiores medidas que podem proteger os leopardos em Highveld é o envolvimento da comunidade. A construção de relações melhores e mais fortes entre a comunidade, o governo, os investigadores e as organizações de conservação permite a conceção de programas de gestão eficientes e direccionados”, conclui.

Esta descoberta foi publicada na revista PeerJ e baseia-se num outro estudo recente sobre leopardos publicado pela equipa de investigação.





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