Primeiro-ministro chinês promete mais pandas e pede “terreno comum” à Austrália
A China vai emprestar à Austrália um novo casal de pandas gigantes, anunciou ontem o primeiro-ministro chinês, Li Qiang, que apelou ainda à “procura de um terreno comum” entre os dois países.
O empréstimo dos dois pandas gigantes Wang Wang e Fu Ni ao jardim zoológico de Adelaide, no sul da Austrália, acordado em 2009, termina em breve, numa prática também conhecida como “diplomacia do panda”.
“Wang Wang e Fu Ni estão longe de casa há 15 anos. Acho que eles sentiram muitas saudades de casa e por isso irão retornar à China antes do final do ano”, disse Li Qiang no zoológico, a primeira paragem da visita a Austrália.
“Mas o que posso dizer é que iremos fornecer o mais rapidamente possível um novo par de pandas igualmente bonitos, encantadores e adoráveis”, assegurou o primeiro-ministro, acrescentando que Pequim apresentará uma lista de candidatos a Camberra.
“É bom para a economia, para os empregos no [estado da] Austrália do Sul, para o turismo e é um símbolo de boa vontade, e agradecemos por isso”, disse a ministra dos Negócios Estrangeiros australiana, Penny Wong.
De acordo com o Fundo Mundial para a Natureza, que atua na área de proteção ambiental, restam cerca de 1.860 pandas gigantes, principalmente nas florestas de bambu das regiões montanhosas da China.
Graças aos programas de conservação, a União Internacional para a Conservação da Natureza retirou o panda da categoria “em perigo” no final de 2016. No entanto, permanece listado como vulnerável na lista vermelha de espécies ameaçadas.
Após a visita ao zoológico, Li Qiang almoçou no Penfolds Magill Estate de Adelaide, um restaurante do setor vitivinícola, um dos mais afetados pelas tensões comerciais entre os dois países.
Em março, a China levantou tarifas alfandegárias impostas em 2020 ao vinho da Austrália, que afetaram muito as exportações para o país asiático, que chegaram a atingir 1,2 mil milhões australianos de dólares (742 millhões de euros) por ano.
“No último mês, desde que a proibição do vinho foi levantada, vendemos 86 milhões de dólares australianos [53 milhões de euros] em vinho à China”, disse hoje o ministro do Comércio da Austrália, Don Farrell.
“As relações entre a China e a Austrália voltaram ao bom caminho após um período de reviravoltas, gerando benefícios tangíveis para os povos de ambos os países”, disse Li Qiang, de acordo com um comunicado da embaixada chinesa.
“A história provou que o respeito mútuo, a procura de um terreno comum, pondo de lado as diferenças, e a cooperação (…) é um passo importante para o desenvolvimento das relações entre a China e a Austrália”, acrescentou.
A visita do alto funcionário chinês à Austrália é a segunda etapa de uma digressão diplomática pela Oceânia que o levou primeiro à Nova Zelândia.