Maria do Céu Antunes sabia que BEI ia rescindir contrato para apoio a regadios
O ministro da Agricultura assegurou ontem que a sua antecessora, Maria do Céu Antunes, sabia que o Banco Europeu de Investimento (BEI) ia rescindir, de forma unilateral, o contrato com o executivo, que previa apoio para os regadios.
“Não consigo encontrar justificação para se esconder. Isto levou a que as câmaras tivessem indicações contrárias, com a promessa de que o BEI financiaria os regadios. Só para as câmaras estamos a falar em cerca de 60 milhões de euros”, defendeu o ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, que falava no parlamento.
O ex-eurodeputado assegurou que a antiga ministra da Agricultura e da Alimentação, Maria do Céu Antunes, e o Governo sabiam que o BEI ia revogar, de forma unilateral, o contrato de 200 milhões de euros, mas não informaram as câmaras.
José Manuel Fernandes disse, aos deputados da comissão parlamentar de Agricultura, que na semana em que ia a Valpaços, a câmara perguntou ao ministério se poderia “laçar obra”, referindo-se a um projeto financiado pelo BEI, no âmbito do Plano Nacional de Regadios.
“Depois solicitámos um outro ponto: tínhamos 60 milhões de euros disponíveis no banco europeu, mas nem isso acautelaram. O prazo termina em 30 de junho de 2024. Foi este Governo que pediu a prorrogação em maio”, acrescentou.
O ministro esclareceu que ainda não sabe se a extensão do prazo vai ser possível e que, se for só por um ano, “é insuficiente para lançar as obras, concluir e pagar”.
Assim, o executivo pretende que o prazo seja alargado até 2028.
“Se tal vier a ser concretizado teremos meia solução porque estes investimentos estavam datados de 2019, o que significa que o montante, face à atualização de preços, nunca será suficiente para o projetado. Algo que se deve fazer é falar a verdade às pessoas”, rematou.
Em 17 de maio, o ministro da Agricultura já tinha referido ter “um buraco de 61 milhões de euros” para resolver no âmbito do Plano Nacional de Regadios.
“É mais uma questão que eu tenho para resolver, um buraco de 61 milhões de euros onde, mais grave, é que vocês fizeram investimentos nos projetos, pensando que iam ser financiados”, afirmou, na altura, José Manuel Fernandes, que discursava no Congresso Nacional do Azeite, que decorreu em Valpaços.
Durante a iniciativa o presidente da Câmara de Valpaços, António Medeiros, falou sobre a barragem para rega na zona da Padrela, reclamada há muito tempo no concelho do distrito de Vila Real.