Livre quer conhecer termos dos novos acordos para os rios negociados com Espanha
O Livre anunciou ontem que vai pedir ao Governo os termos dos novos acordos para os rios negociados entre Portugal e Espanha e defendeu a necessidade de uma diretiva-quadro da água a nível europeu.
Estas propostas foram anunciadas pelo porta-voz do Livre Rui Tavares no decorrer das primeiras jornadas parlamentares do partido, que terminam hoje em Elvas, no distrito de Portalegre, momentos antes de os deputados visitarem a barragem do Caia e se reunirem com representantes da organização não-governamental ambiental Quercus.
Considerando que esta é uma questão essencial para o país, a bancada do Livre vai requerer ao Governo os termos dos novos acordos, recentemente anunciados a propósito dos 25 anos da Convenção de Albufeira, mas quer também medidas que vão além do plano nacional.
“Defendemos que se deva pressionar por uma diretiva-quadro da água a nível europeu que seja negociada de forma multilateral a 27, e que tenha obrigações para os Estados-membros que sejam mais exigentes”, adiantou Rui Tavares.
O deputado argumentou que esta poderia ser uma forma de colocar Portugal “num quadro mais completo” no qual o país não se limitaria a negociar apenas com Espanha.
“Discutir entre vários Estados-membros, em que há vários rios internacionais, é provavelmente uma maneira de garantir uma diretiva-quadro da água que seja melhor para todos os 27”, defendeu.
Tavares lembrou que os rios que são internacionais na Península Ibérica “vêm de Espanha para Portugal, não vão de Portugal para Espanha e, portanto, isso dá uma vantagem negocial ao país vizinho”, considerando que se a estratégia for pensada a nível europeu isso trará vantagens para Portugal.
Questionado sobre o facto de o Livre não ter representação no Parlamento Europeu, Rui Tavares respondeu que o partido faz parte da família política dos Verdes Europeus com quem está em contacto frequente.
O porta-voz do Livre voltou a ser questionado sobre a proposta do Governo para o Orçamento do Estado para 2025, insistindo que o documento pode sofrer mudanças substanciais na fase de especialidade devido à atual configuração da Assembleia da República, na qual os partidos que integram o Governo têm uma representação minoritária.
Interrogado sobre já prevê uma aprovação na fase de generalidade, Tavares respondeu que o Livre “está preparado para todas as possibilidades” e mostrou-se confiante de que num cenário de eleições a bancada poderia crescer.
“Mas, tal como nas eleições passadas, nós não pomos o interesse do Livre à frente do interesse do país. E, se este orçamento passar para a especialidade, o interesse do país é o máximo de boas ideias que houver para aprovar, serem aprovadas”, salientou.
A bancada parlamentar do Livre visitou esta manhã o Centro de Ciência do Café e a fábrica da Nova Delta, guiados pelo empresário João Manuel Nabeiro, filho do comendador Rui Nabeiro.
Tavares defendeu a necessidade de “um novo modelo de desenvolvimento para Portugal”, que envolva a sociedade civil e a academia, salientando que há pessoas que trabalham nas instalações da Delta que são de Portalegre mas também de Lisboa ou que regressaram depois de terem emigrado.
“Essa gente voltou porque nesse novo modelo de desenvolvimento há qualidade de vida, há serviços públicos e sociais e há salários que permitem um rendimento e uma autonomia familiar que é adequado. Não ouvimos ninguém dizer que voltou por causa do IRS Jovem”, atirou.
O deputado do Livre Paulo Muacho, que cresceu em Campo Maior, destacou a importância deste desenvolvimento económico em concelhos raianos do interior do país como Elvas, no qual o Chega obteve o melhor resultado em percentagem nas legislativas de março.
Defendendo que o combate à extrema-direita faz-se “ouvindo as preocupações das pessoas do interior”, o deputado insistiu na criação de um círculo nacional de compensação e no avanço do processo de regionalização.