PR chinês admite melhoria da qualidade de vida face a declínio demográfico
O Presidente chinês, Xi Jinping, defendeu num artigo que o declínio populacional pode beneficiar o futuro desenvolvimento da China, enaltecendo a redução da pressão sobre os recursos e um modelo de desenvolvimento centrado na qualidade.
No artigo, difundido na revista Qiushi, a principal publicação do Partido Comunista Chinês sobre teoria política, Xi afirmou que a decisão de implementar a política de filho único foi correta, uma vez que permitiu conter eficazmente o crescimento excessivo da população e impulsionar o desenvolvimento da China.
“O nosso país completou em décadas o processo de industrialização que levou centenas de anos aos países desenvolvidos, resultando numa rápida transição populacional e numa redução precoce da população”, escreveu.
Reconhecendo que a redução da população pode ter “efeitos adversos”, incluindo diminuição da mão-de-obra disponível e queda no consumo e investimento, o líder chinês destacou os “efeitos positivos”, como a redução da pressão sobre os recursos e a transição para um modelo económico focado na qualidade.
“É de notar que o dividendo demográfico está relacionado não só com a quantidade e a estrutura da população, mas também com a qualidade da população, as políticas económicas e as medidas de apoio”, sublinhou.
“O nível de educação da população continua a aumentar e o dividendo demográfico abrangente ainda tem vantagens significativas”, indicou.
A população chinesa diminuiu em dois milhões de pessoas em 2023, a segunda queda anual consecutiva, face à descida dos nascimentos e aumento das mortes. Em 2022, quando se deu o primeiro declínio desde 1961, a China perdeu 850 mil habitantes.
Desde que abandonou a política do filho único, em 2016, a China tem procurado encorajar as famílias a terem um segundo ou até terceiro filho, mas com pouco sucesso. O maior custo de vida e com a saúde e educação das crianças e uma mudança nas atitudes culturais que privilegia famílias menores estão entre os motivos citados para o declínio nos nascimentos.
Em 2050, a ONU previu que 31% dos chineses terão 65 anos ou mais. Em 2100, essa percentagem será de 46%. A ONU estimou que a população da China desça dos atuais 1,4 mil milhões para 639 milhões, até ao final deste século, uma queda bem mais acentuada do que os 766,7 milhões previstos há apenas dois anos.
Xi Jinping pediu aos quadros do Partido Comunista um “desenvolvimento económico e social de alta qualidade através de um desenvolvimento demográfico de alta qualidade”.
“Ao promover um desenvolvimento populacional de alta qualidade, vamos construir uma base de recursos humanos de alto calibre, acelerar a formação de um novo padrão de desenvolvimento e concentrarmo-nos na promoção de um desenvolvimento de alta qualidade”, frisou.
O líder chinês destacou a educação, saúde e “qualidade moral” como pilares para uma população de “alta qualidade”.
“Temos de melhorar de forma abrangente a qualidade científica e cultural da população. Aumentar o nível de educação e a média de anos de escolaridade da população ativa. Otimizar os níveis e os tipos de ensino superior, as disciplinas académicas, as estruturas profissionais e as estruturas de cultivo de talentos, e acelerar a construção de um sistema moderno de ensino profissional”, frisou.
O líder chinês enfatizou ainda a importância de “promover o crescimento saudável das crianças” e “reforçar a gestão da saúde no que se refere às principais doenças crónicas e aumentar a esperança de vida saudável”.
“Devemos elevar de forma abrangente a qualidade ideológica e moral da população. Utilizar os valores fundamentais socialistas para moldar as almas e educar as pessoas, reforçar a construção da integridade, promover o espírito de trabalho e de luta e melhorar os padrões morais e a civilidade de toda a população”, apontou.