91% da desflorestação na Amazónia no último ano foi ilegal

Entre agosto de 2023 e julho de 2024, 90,8% das operações de desflorestação na Amazónia foram feitas ilegalmente, denuncia investigação da organização brasileira Instituto Centro de Vida (ICV).
A análise revela ainda que no Cerrado, outro grande bioma do Brasil com grande importância para a conservação da biodiversidade e para os povos indígenas da região, 51,1% do abate e destruição de flora aconteceu à margem da lei. Assim, no total, 67,5% da desflorestação levada a cabo na Amazónia e no Cerrado nesse período foi ilegal.
Os 10 municípios brasileiros com mais registos de desflorestação não autorizada, todos no bioma da Amazónia, são Novo Aripuanã, Apuí e Lábrea (estado do Amazonas), Altamira, Itaituba, Portel e Santa Maria das Barreiras (estado do Pará), Nova Maringá e Colniza (estado do Mato Grosso), e Porto Velho (estado da Rondônia).
Com base nos dados analisados, a organização mostra que, entre agosto de 2023 e julho de 2024, foi desflorestada uma área total de 13.816 quilómetros quadrados na Amazónia e no Cerrado, sendo que no primeiro apenas 9,2% das operações foram autorizadas, e no segundo 48,9%. Todas as outras ocorreram ilegalmente.
Para Vinícius Silgueiro, coordenador do Núcleo de Inteligência Territorial do ICV, os resultados deixam claro “o tamanho do desafio que e combater o desmatamento ilegal nos maiores e mais pressionados biomas brasileiros”, a Amazónia e o Cerrado.
Em comunicado, o especialista afirma que “para além do importante aumento das ações de fiscalização e responsabilização, são necessários esforços e mecanismos que inviabilizem economicamente as áreas desmatadas ilegalmente, para acabar com a lógica que aparentemente vigora, de que o desmatamento ilegal compensa”.