Dez “princípios fundamentais” para restaurar a Natureza nas zonas costeiras e marinhas

Um novo relatório da WWF identifica os 10 princípios fundamentais para um restauro ecológico eficaz dos ecossistemas marinhos e costeiros na União Europeia (EU), no âmbito da Lei do Restauro da Natureza.
Em comunicado, a organização ambientalista global salienta que os ecossistemas marinhos e costeiros da Europa enfrentam ameaças sem precedentes devido à destruição de habitats, perda de espécies, à poluição e às alterações climáticas.
Estimando-se que mais de 40% da população da UE vive em regiões costeiras, a WWF diz que são “essenciais e urgentes” ações de restauro ecológico nos ecossistemas costeiros e marinhos para proteger estas comunidades, salvaguardar a biodiversidade e mitigar os impactos das alterações climáticas.
“A Lei do Restauro da Natureza oferece-nos uma oportunidade para reverter décadas de degradação dos nossos mares”, diz Jacob Armstrong, Gestor de Oceanos do Escritório de Políticas Europeias da WWF.
Para o especialista, o restauro marinho e costeiro é, ao mesmo tempo, “uma área relativamente nova de ação, com um número limitado de projetos concluídos”. Como tal, considera que “este relatório visa colmatar essa lacuna e é a primeira publicação a trazer estratégias claras e baseadas na ciência para garantir um restauro eficaz, em vez de medidas superficiais”.
Com base em literatura científica revista por pares e na análise de projetos em curso de restauro marinho na UE, o estudo inclui um conjunto de princípios e uma lista de verificação passo a passo, especialmente útil para decisores políticos e gestores de projetos que preparam os Planos Nacionais de Restauro no âmbito da nova Lei do Restauro da Natureza.
Com o prazo para a submissão à Comissão Europeia dos Planos Nacionais de Restauro estabelecido para 1 de setembro de 2026, a WWF insta os Estados-Membros a agir rapidamente, e a garantir que os planos incorporam os 10 princípios identificados no relatório, que se alinham com as políticas da UE e que envolvem todas as partes interessadas nos processos de decisão.
Projeto Gulbenkian Carbono Azul em destaque no novo relatório da WWF
Os sapais e pradarias marinhas são ecossistemas essenciais para a captura e armazenamento de carbono, mas estão sob crescente pressão devido às atividades humanas.
Em Portugal, diz a WWF em nota, o projeto Gulbenkian Carbono Azul, uma colaboração entre a Fundação Calouste Gulbenkian, a WWF Portugal e o BlueZ C – Instituto para a Conservação Marinha e Economia do Carbono (Organização Não-Governamental spin off do Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve), está a realizar um estudo de viabilidade para avaliar o potencial de intervenções de proteção e restauro ecológico em ecossistemas de carbono azul do Estuário do Tejo, que corresponde a 16% dos ecossistemas de carbono azul identificados para Portugal continental e é um dos estuários mais ameaçados do país.
O estudo, que decorre até ao final de 2025, tem como objetivo planear de forma efetiva e eficaz as intervenções de restauro ecológico a realizar numa zona selecionada no Estuário do Tejo, as Salinas do Samouco.
No âmbito desse projeto, será recolhia e fornecida informação técnica e jurídica para a definição de um plano de restauro, aponta a organização, que inclui a monitorização do sucesso das ações de restauro e a identificação das principais ameaças e pressões ambientais, considerando também as questões socioeconómicas e os co-benefícios para as comunidades locais.
Para além do plano de restauro, o projeto inclui ações de advocacy, envolvimento de partes interessadas, comunicação e atividades de educação, promovendo o investimento na conservação e restauro ecológico destes ecossistemas fundamentais para o combate às alterações climáticas e para a proteção da biodiversidade.