ONG encerra, pela primeira vez, “fábrica” de bílis de urso no Laos depois de anos de tentativas



A organização não-governamental Free the Bears, em colaboração com as autoridades governamentais, fechou, pela primeira vez, uma “fábrica” de bílis de urso no Laos.

As instalações, na capital laociana de Vientiane, há já vários anos que eram conhecidas da organização, que havia identificado a presença de 20 a 30 jaulas onde os ursos estariam confinados, mas só neste mês de abril foi possível, com o respaldo da polícia desse país, encerrar a operação e resgatar os animais.

De acordo com as informações divulgadas pela Free the Bears, foram apenas encontrados três ursos-negros-asiáticos (Ursus thibetanus) vivos: dois machos e uma fêmea. Todas as restantes jaulas estavam vazias e não se sabe o que terá acontecido aos outros ursos.

Vídeo detalha o resgate de três ursos-negros-asiáticos de uma “fábrica” de bílis de urso no Laos. Fonte: Free The Bears / YouTube.

 

Esse tipo de “fábricas” são operações clandestinas cujo objetivo é extrair a bílis das vesículas biliares de ursos, especialmente de ursos-negros-asiáticos, uma substância muito procurada nos mercados asiáticos para fins de medicina tradicional, especialmente para tratamentos de enfermidades relacionadas com o fígado e os rins. É uma prática que ocorre em vários países asiáticos, incluindo o Vietname e o Laos.

Para manterem uma provisão regular de bílis, os ursos são mantidos vivos, presos em jaulas pequenas, e é-lhes frequentemente retirada a bílis, recorrendo, por exemplo, a agulhas, no que a Free the Bears descreve como sendo “uma prática desprezível”, sobretudo por sujeitar os animais a uma tortura constante.

Estima-se que a maioria dos ursos nessas “fábricas” tenham sido capturados na Natureza quando ainda eram crias, o que agrava, adicionalmente, o risco de extinção dessas espécies. De acordo com a Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas, da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), o urso-negro-asiático, que só ocorre no sudeste asiático, em partes do Médio Oriente, na China e no sul da Rússia, está classificado como “Vulnerável” e as suas populações selvagens continuam em declínio, sobretudo por causa da perda de habitat e da caça furtiva, incluindo a captura para extração de bílis.

Embora desde 2007 seja proibido comercializar ursos, ou partes do seu corpo, e extrair a sua bílis, a Free the Bears lamenta que continuam a existir lacunas legais que excluem da proibição instalações anteriores a essa lei.

Depois de resgatados, os três ursos foram encaminhados para o santuário da organização, na cidade de Luang Prabang. Aí chegados, foram pesados e examinados, e permanecerão nesse local durante um mês, em quarentena, onde receberão os cuidados médicos e a alimentação necessários para recuperarem.

A Free the Bears avança que é pouco provável que estes animais possam ser libertados no meu habitat natural devido aos seus “passados traumáticos”, pelo que o santuário deverá ser a sua residência permanente, onde se juntarão a outros ursos resgatados e onde passarão o resto das suas vidas, que podem ir até aos 35 anos. Além disso, refere que não existem florestas adequadas que estavam protegidas e sejam seguras para que possam ser reintroduzidos na Natureza.






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