Plano da Índia para aumentar produção de aço ameaça redução de gases com efeito estufa



Os planos da Índia para aumentar a produção de aço, em especial para a construção, põem em risco os esforços globais para reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, segundo o Global Energy Monitor.

De acordo com o relatório publicado hoje pelo grupo de reflexão Global Energy Monitor, a indústria siderúrgica mundial é responsável por 11% das emissões de CO2 provocadas pelo homem que estão a aquecer o planeta.

No entanto, enquanto a China, o primeiro produtor mundial de aço, tem um setor siderúrgico estagnado, ou mesmo em crise devido ao excesso de capacidade, a Índia planeia duplicar a capacidade de produção de aço até 2030 e é atualmente responsável por mais de metade (57%) dos novos projetos siderúrgicos anunciados, refere.

Esta organização não governamental, sediada em São Francisco, enumera os projetos industriais ligados aos combustíveis fósseis e às energias renováveis em todo o mundo.

De acordo com o relatório, “as tecnologias baseadas no carvão com elevadas emissões de CO2 dominam a capacidade de produção de aço em funcionamento e em desenvolvimento na Índia”.

A proporção de instalações de redução de minério de ferro (IRP) baseadas no carvão é também “particularmente” elevada na Índia, em comparação com o resto do mundo.

Uma forma de descarbonizar a produção de aço é substituir os fornos a carvão por fornos de arco elétrico, quer para reciclar chapas de aço antigas (aço secundário), quer para fundir aço primário a partir de ferro desoxidado.

Estes representam 32% da produção mundial de aço, uma proporção que deverá aumentar para 36% em 2030, abaixo do objetivo de 37% calculado pela Agência Internacional da Energia (AIE) para conter o aquecimento global até 2050.

Esta diferença aparentemente pequena “representa dezenas de milhões de toneladas de CO2”, lamenta Astrid Grigsby-Schulte, responsável pelo setor do ferro e do aço do Global Energy Monitor, entrevistada pela AFP.

O cumprimento do objetivo de 2030 é “crucial”, na sua opinião, “não só por causa das emissões imediatamente evitadas, mas também porque irá lançar as bases para uma descarbonização mais ampla até 2050”, acrescenta.

Na COP26, em 2021, a Índia anunciou que estava a conceder a si própria mais 20 anos do que a maioria dos outros países para alcançar a neutralidade climática, ou seja, até 2070 em vez de 2050.

O relatório congratula-se com o facto de, desde então, o país ter criado um roteiro para tornar mais ecológica a sua produção de aço, um dos setores industriais que mais emite gases com efeito de estufa, com base nas recomendações de 14 grupos de trabalho.

Mas a abordagem atual “dá prioridade à expansão” das siderurgias existentes, com as “estratégias de descarbonização” a virem depois, critica.






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