Caçadores recusam-se a abater urso que deambulava pelas ruas da Lituânia



Uma jovem fêmea de urso-pardo (Ursus arctos) causou comoção na capital lituana de Vilnius no fim-de-semana de 14 e 15 de junho, depois de ter sido avistada a deambular pelos subúrbios da cidade, a cerca de cinco quilómetros do centro.

O animal terá atravessado estradas e explorado os quintais de casas, mas sem incidentes registados, tendo sido acompanhada de perto por curiosos empunhando telemóveis e até por drones.

Perante a situação, o governo da Lituânia terá, segundo o jornal britânico ‘The Guardian’, emitido licenças de caça para abater o animal. O que muito provavelmente não esperava era esbarrar na oposição dos caçadores a essa medida.

Em comunicado, a Associação Lituana de Caça e Pesca (LMŽD) diz ter recusado responder ao apelo do Executivo, dizendo que, embora reconheçam que a “segurança pública é uma prioridade”, quando um animal não representa qualquer ameaça “tem o direito à vida, tal como qualquer outro cidadão da República da Lituânia”.

O diretor da associação LMŽD, Laimonas Daukša, informa, em nota, que “há já alguns anos que seguimos e registamos ursos por toda a Lituânia” e que “repetidamente temos apelado à criação de um sistema funcional para a gestão de situações como esta”. No entanto, lamenta, “testemunhámos uma situação em que, uma vez mais, começamos com a emissão de licenças de abate e com a responsabilização dos caçadores, em vez de se resgatar e seguir o animal e gerir a sua migração”.

A associação diz mesmo que foi com “choque” que recebeu a comunicação do Ministério do Ambiente lituano para abater o urso. O governo, após várias críticas, defendeu a decisão dizendo que era somente uma medida de último recurso, caso do animal viesse a representar uma ameaça à segurança das pessoas.

Laimonas Daukša confessa-se surpreendido pela desvalorização da vida do animal refletida na decisão do governo lituano, que acusa de escolher “a via mais simples”, a do abate.

O responsável diz que, a breve trecho, a associação fará chegar ao executivo do país um pacote de recomendações para lidar com situações destas, incluindo informações sobre as mortes de ursos por atropelamento.

Segundo os dados recolhidos pela equipa de drones da LMŽD, o urso terá abandonado Vilnius no dia 16 de junho, e tudo indica estará já na cidade de Pabradė, a cerca de 50 quilómetros da capital.

Em tempos comuns nas florestas da Lituânia, os ursos-pardos foram caçados até à extinção local no século XIX. Contudo, em anos recentes, os animais têm feito algumas aparições nesse país, oriundos de populações nos países vizinhos da Bielorrússia e da Letónia. A espécie é protegida ao abrigo da legislação da União Europeia (Diretiva Habitats), da qual a Lituânia é Estado-membro, e ao abrigo da própria legislação do país.






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