Associação Portuguesa de Empresas Ferroviárias defende aumento do peso da ferrovia na economia nacional

A APEF – Associação Portuguesa das Empresas Ferroviárias manifesta-se satisfeita com o aumento do número de passageiros na CP em 2024, que equivale a uma subida de 8,7% face ao ano anterior, para mais de 188 milhões de passageiros transportados, mas lança vários alertas e preocupações relativamente ao estado do setor e à forma como tem vindo a ser tratado, divulgou em comunicado.
Segundo a mesma fonte, para a APEF, o acréscimo do número de passageiros “é um marco assinalável, que demonstra uma maior adesão dos portugueses à utilização do comboio, algo que é muito positivo, até pelo facto de este ser o modo de transporte mais sustentável, contribuindo assim para a redução de emissões de CO2, que têm vindo a aumentar em Portugal no setor dos transportes, ao longo dos últimos anos”.
De sublinhar que estes resultados “permitiram um aumento de receita de mais de 13,4%, face a 2023, mas com impacto limitado pela subida de cerca de 26% da taxa de uso devida ao gestor de infraestrutura (a Infraestruturas de Portugal), mesmo apesar das más condições de exploração da infraestrutura, detalhada no Relatório e Contas da CP, e que, de acordo com o relatório, teve impacto na qualidade de serviço oferecida aos seus clientes”.
O crescimento do transporte ferroviário “depende de uma superior qualidade de serviço prestada pelos operadores, mas esse objetivo está dependente, em grande medida, da qualidade de serviço assegurada pelo gestor de infraestrutura. É necessário garantir o transporte ferroviário a horas, de uma forma fiável, com a velocidade e o serviço esperados, para a fidelização do cliente ser possível e contínua”.
Este é um tema que preocupa o setor, dado que continuam a aumentar os custos associados à atividade ferroviária enquanto a qualidade de serviço prestada pelo gestor de infraestrutura tem vindo a decair, o que põe em causa a competitividade da ferrovia face a outros modos de transporte, quer seja para os passageiros ou para o transporte de mercadorias. “É da maior importância que estas taxas sejam reduzidas, para se eliminar a distorção existente relativamente ao transporte rodoviário, tal como aprovado no Programa de Governo, e assim permitir o aumento da quota modal do transporte ferroviário, alinhado com os objetivos definidos pelo Estado português ao abrigo do Pacto Ecológico Europeu”.
A APEF questiona também a proposta da Comissão Europeia de se estender até 2031 uma isenção de portagens para veículos pesados de mercadorias com zero emissões de CO2, enquanto se verificam aumentos da taxa de uso dos comboios, agravando ainda mais o problema da existência de dois pesos e duas medidas entre os dois modos de transporte e penalizando cada vez mais a ferrovia.
Miguel Rebelo de Sousa, presidente da APEF, diz que “é fundamental endereçar o tema dos custos de contexto da ferrovia e apelamos a que haja um amplo consenso entre as principais forças políticas no sentido de implementar as medidas necessárias para se compensar o transporte ferroviário pela perda de competitividade crescente face à rodovia”.