Países querem mais proteção para espécies ameaçadas de tubarões e raias

Mais de 50 governos apoiam propostas para reforçar a proteção de espécies ameaçadas de tubarões e raias ao abrigo da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Selvagens (CITES).
Esta terça-feira, o secretariado da CITES divulgou a lista de propostas de emendas aos apêndices do tratado, que definem diferentes níveis de proteção de diversas espécies de animais e plantas no âmbito do comércio internacional. O objetivo é assegurar que as práticas comerciais não põem em risco a sobrevivência das populações e das espécies selvagens ameaçadas.
Dessa lista constam sete propostas que abrangem mais de 70 espécies de tubarões e raias, que serão debatidas e votadas na próxima conferência das partes (COP20) da CITES, que decorrerá entre 24 de novembro e 5 de dezembro, na cidade de Samarkand, no Uzbequistão.
Entre os proponentes estão diversos países africanos e do Médio Oriente, a União Europeia e respetivos Estados-membros, o Reino Unido, nações da América do Sul e do sudeste asiático.
Para a organização Wildlife Conservation Society (WCS), o grande apoio a essas propostas demonstra “o crescente reconhecimento” de que as populações de tubarões e raias em todo o mundo só sobreviverão com “ações de conservação fortes e imediatas”. E salienta, em comunicado, que é um sinal de que os governos estão a ouvir os cientistas e a finalmente perceber que “para algumas espécies de tubarões e raias o comércio sustentável não é viável, especialmente devido às suas características biológicas únicas”.
Três das propostas pretendem aumentar a proteção de espécies já incluídas na CITES, como os tubarões-baleia (Rhincodon typus), os mobulídeos (que incluem as mantas) e os tubarões-de-pontas-brancas (Carcharhinus longimanus), passando as do Apêndice II para o Apêndice I. A serem aprovadas, as propostas proibirão o comércio desses animais ou de partes dos seus corpos.
Outras duas propostas em cima da mesa pretendem estabelecer proibições temporárias do comércio de espécies criticamente ameaçadas dos géneros Glaucostegus e Rhinidae.
As restantes duas emendas têm como objetivo listar no Apêndice II da CITES tubarões dos géneros Mustelus e Centrophoridae e a espécie Galeorhinus galeus, comercializados pela sua carne e óleos, algo que a WCS diz se “um passo importante, uma vez que na última década as ações da CITES se têm focado no comércio de barbatanas de tubarões”. Com cerca de 90% desse comércio já regulado, “o foco deve agora ser orientado para outras causas da sobre-pesca de tubarões”, diz a organização.
“O mundo está num ponto de viragem no que diz respeito aos tubarões e às raias”, salienta Luke Warwick, diretor de conservação dessas espécies na WCS. “Mais de 37% das espécies de tubarões e raias estão ameaçadas de extinção”, refere, com o comércio internacional a visar 70% delas.
“Temos de agir já para evitar perdas irreversíveis”, insta o responsável.