Descoberto “pequeno santuário” de gorgónias-rosa durante filmagens do documentário de David Attenborough

Ao largo da costa sudoeste de Inglaterra, documentaristas e biólogos descobriram um recife de gorgónias-rosa (Eunicella verrucosa) até então desconhecido.
A descoberta deu-se por mero acaso, quando a equipa de produção do documentário “Oceano com David Attenborough”, estreado no passado mês de maio, mergulhou câmaras subaquáticas nessas águas. Posteriormente, investigadores da organização britânica Marine Biological Association (MBA) regressaram ao local para um exame científico mais aprofundado, dando de caras com um habitat vibrante, intacto e repleto de vida marinha.
“Este recife de gorgónias-rosa é uma descoberta impressionante e significativa”, diz, em comunicado, Bryce Stewart, da MBA e da Universidade de Plymouth.

“Este corais delicados crescem incrivelmente devagar e suportam uma rica diversidade de vida marinha. Descobrir este habitat intacto dá-nos tanto uma razão urgente como uma oportunidade rara para agir agora para protegê-lo para as gerações futuras”, diz o investigador.
As gorgónias, parentes dos corais moles, podem viver décadas, mas crescem apenas uns poucos milímetros todos os anos, pelo que a equipa de cientistas, com base no tamanho desses animais (não são plantas, ao contrário do que se possa pensar), acredita que aquele recife existe ali há já muito tempo.
“Ficámos chocados”, recorda Olly Scholey, diretor da Silverback Films, uma das produtoras, a par da Open Planet, do mais recente documentário que tem o célebre naturalista britânico como narrador.
“O que vimos no leito marinho foi um tapete de gorgónias-rosa, um oásis de vida escondido sob a ondas”, descreve, acrescentando que se apenas uma missão de prospeção revelou tal descoberta, “quem sabe quantos mais tesouros se escondem no leito marinho”.
Com a colaboração da empresa PicSea, os investigadores fizeram também o mapeamento tridimensional do recife, recorrendo a drones subaquáticos.
Os cientistas acreditam que a dificuldade de acesso e a “topografia única” terão permitido ao recife escapar à devastação da pesca de arrasto de fundo, que tem destruído habitats semelhantes noutras zonas marinhas pelo mundo fora. Apesar de serem animais muito resilientes, as gorgónias são altamente sensíveis a perturbações do leito marinho onde vivem, como a pesca de arrasto, e a alterações na qualidade da água.
Ecoando uma das principais mensagens do documentário “Oceano”, Stewart acredita que ainda há esperança, que somos capazes e ainda vamos a tempo de proteger e recuperar os oceanos.
“Se protegermos devidamente os ecossistemas marinhos e gerirmos as atividades humanas de forma sustentável, então o oceano consegue recuperar a um ritmo espantoso”, salienta.
A MBA informa que estão já a ser feitos esforços para proteger formalmente esse recife de gorgónias-rosa.