Do pomar ao frigorífico: Ajudar as mangas a manterem-se doces durante mais tempo

Uma boa notícia para os amantes da manga: uma nova investigação da Universidade Edith Cowan (ECU) identificou uma forma de prolongar o tempo de conservação do popular fruto tropical.

O estudo, conduzido pelo professor da Escola de Ciências da ECU, Mekhala Vithana, revelou que mergulhar as mangas em água ozonizada (ozonização aquosa) durante 10 minutos antes do armazenamento a frio prolonga o tempo de armazenamento até duas semanas, com uma ocorrência significativamente menor de lesões causadas pelo frio.

“Aumentar o tempo de armazenamento das mangas é extremamente importante tanto para os produtores como para os comerciantes, uma vez que reduz a perda de alimentos durante o armazenamento e oferece uma janela de mercado mais longa”, afirma Vithana.

Aumento da popularidade e consequente desperdício

Com o aumento global do consumo de frutas e legumes nos últimos anos, registou-se um aumento subsequente na produção de mangas.

No entanto, uma parte significativa perde-se ao longo da cadeia de abastecimento devido ao rápido amadurecimento e à excessiva perecibilidade.

“Estima-se que cerca de 20% da produção total de manga australiana se perde ou é desperdiçada, e os produtos hortícolas são responsáveis por cerca de 50% do desperdício alimentar total na Austrália”, afirma Vithana.

“Por conseguinte, é importante explorar tecnologias ecológicas e rentáveis para minimizar as perdas pós-colheita das mangas”, acrescenta.

Dos produtores aos comerciantes

Normalmente, as mangas são colhidas na fase verde madura e armazenadas a 13 graus Celsius durante um máximo de 14 dias, mas este frio não é suficiente para um armazenamento prolongado.

“Sendo um fruto tropical, as mangas verdes não devem ser armazenadas a temperaturas inferiores a 12,5 graus devido à sua elevada sensibilidade ao frio”, explica Vithana. “O armazenamento prolongado da manga abaixo desta temperatura provoca uma perturbação fisiológica conhecida como lesão por frio, que danifica a casca do fruto e conduz a uma diminuição da comercialização e a um desperdício alimentar significativo”, aponta.

“Por conseguinte, a suscetibilidade à lesão por frio é a principal limitação à exploração da tecnologia de armazenamento a frio na sua capacidade máxima para prolongar o tempo de armazenamento das mangas”, adianta.

Madura para a investigação

O estudo – realizado com a variedade de manga mais produzida na Austrália, a Kensington Pride – testou a tecnologia de ozonização aquosa para melhorar a tolerância ao frio durante o armazenamento a frio.

Ao mergulhar a manga na água ozonizada durante 10 minutos antes do armazenamento a frio a 5 graus Celsius, os investigadores descobriram que podiam manter as mangas durante mais tempo com muito menos danos causados pelo mesmo.

“Geralmente, a manga Kensington Pride só pode ser armazenada durante cerca de duas semanas sem amadurecer a 13 graus. No entanto, a ozonização aquosa prolonga o armazenamento e o prazo de validade destas mangas até 28 dias, com menos 40% de danos causados pelo frio do que as mangas não tratadas”, explica Vithana.

“A ozonização aquosa parece ser uma tecnologia altamente viável para melhorar a tolerância ao frio e a qualidade da manga Kensington Pride”, acrescenta.

Vithana disse que a ozonização pode ser controlada no local, é rentável e considerada segura para os trabalhadores a um nível limite devido à sua decomposição mais rápida em oxigénio.

“A ozonização aquosa consiste em fazer borbulhar ozono na água através de um gerador de ozono”, revela. “O ozono é um composto amplamente utilizado para higienizar frutas e legumes à escala comercial”.

“A ozonização pode ser combinada com a etapa de hidro-resfriamento após o tratamento térmico de quarentena em mangas de exportação ou separadamente como uma etapa de sanitização logo após a colheita, dependendo da conveniência do produtor, mas isso precisa de mais otimização em ambientes comerciais”, explica ainda.

Vithana conclui que os investigadores da ECU esperam fazer mais investigação noutras variedades de mangas para testar a sua capacidade de resposta e para conseguir uma maior redução dos danos causados pelo frio para uma armazenagem prolongada.