Pelo menos 15 mortos em ataques de animais no centro de Moçambique

Pelo menos 15 pessoas morreram este ano em ataques de animais na província de Tete, no centro de Moçambique, anunciaram hoje as autoridades locais, referindo que a maior parte dos óbitos foram causados por elefantes.
Segundo a administradora do Parque Nacional de Mágoè, localizado em Tete, Juliana Mwito, a maior parte dos ataques foram provocados por “massivas manadas” de elefantes, provenientes do vizinho Zimbabué.
“Estamos a ter elefantes que vêm massivamente do Zimbabué. Algum comportamento das manadas fazem-nos crer que vêm com comportamento diferente. Nos distritos de Cahora Bassa e Chitima, [ambos em Tete], ultimamente estamos a ter muitos ataques. Uma manada descobriu Chitima, viu água, muitas hortas e não está fácil retirar”, disse a responsável.
Além das 15 vítimas mortais, os ataques de animais causaram ainda 10 feridos na região este ano.
Juliana Mwito avançou haver esforços para a retirada da manada de elefantes da zona de Chitima, através de meios terrestres e aéreos, apontando a disputa por água e a procura de pasto como alguns dos principais fatores que contribuem para a existência de conflitos entre o homem e os animais.
A Lusa noticiou anteriormente que o número de mortos devido a ataques de animais selvagens quase triplicou num ano, chegando a 159 vítimas em 2023, segundo um relatório do Instituto Nacional de Estatística (INE) moçambicano.
A província de Tete está entre as regiões que registaram mais de metade das vítimas mortais destes ataques em 2023, com um total de 70 pessoas mortas, acumulando ainda um total de 137 óbitos desde 2019, de acordo com o histórico do INE.
No relatório de Indicadores Básicos do Ambiente de 2023, o INE detalhou que o número de óbitos por conflito homem-fauna bravia em Moçambique foi de 58 em 2022 e de 56 em 2021, número que em 2020 foi de 97 e 42 em 2019.
Citando os últimos dados disponíveis, no relatório do INE recorda-se que Moçambique estimava em 2018 uma população de 9.114 elefantes e 64.800 búfalos, entre dezenas de espécies de grande porte.
Segundo o mesmo relatório, viviam em 2023 no interior das áreas protegidas moçambicanas 205.375 pessoas, em 162 comunidades, às quais se somam 501.737 em 504 comunidades nas zonas tampão a estes parques e reservas.
De acordo com dados anteriores da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), os ataques da fauna bravia em Moçambique destruíram de 2019 a 2023 um total de 955 hectares de culturas agrícolas, como milho e mandioca.