Alterações climáticas estão a ter “crescente e inegável influência” no mercado imobiliário em Portugal



As alterações climáticas estão a ter uma “crescente e inegável influência” no mercado imobiliário e na concessão de crédito habitação em Portugal, avisa a Simplefy.

Em comunicado, a comunidade de intermediários de crédito refere que “o fator climático está a transformar-se rapidamente num elemento decisivo nas avaliações de risco financeiro e nas decisões de crédito” e que, nesse cenário, é preciso “uma adaptação urgente por parte de todos os intervenientes no setor”, daqueles que querem comprar casa com recurso a crédito aos intermediários financeiros, passando pelos avaliadores imobiliários, instituições de crédito e regulador.

De acordo com a Simplefy, mais de 90% do crédito a empresas em Portugal está exposto a níveis médio, alto ou severo de stress hídrico, stress térmico e incêndios, e 39% a risco de inundações. “Estes dados, do Banco de Portugal, sinalizam a vulnerabilidade do setor financeiro a eventos climáticos extremos e a necessidade de uma avaliação de risco mais rigorosa no crédito imobiliário”, diz a mesma fonte.

Além disso, dados de julho divulgados pela autoridade reguladora mostram que cinco bancos portugueses já aplicam critérios menos restritivos para imóveis com desempenho energético elevado, e que quatro bancos reportam critérios mais restritivos para imóveis com fraco desempenho. Dessa forma, a Simplefy argumenta que “a importância da eficiência energética na valorização dos imóveis e nas condições de financiamento já chegou a Portugal”.

Os empréstimos “verdes” estão também em crescendo, avança, indicando que os bancos reportam que entre 20% e 27% dos novos empréstimos para habitação que concedem se inserem já nessa tipologia. Para a Simplefy, “este crescimento revela um mercado com condições comerciais próprias em expansão, e que segue em paralelo com a procura por imóveis sustentáveis e pelo investimento em eficiência energética”.

Há também preocupações relativamente ao número de edifícios localizados em áreas suscetíveis a inundações, que, segundo dados da Agência Portuguesa do Ambiente de 2021, eram 26.540, quase o dobro do que se registava em 2011.

“Este aumento alarmante revela um agravamento do risco territorial que não pode ser ignorado. Consequentemente, a localização e a vulnerabilidade a riscos físicos devem tornar-se critérios fundamentais tanto para quem compra casa como para quem financia essa compra”, argumenta a Simplefy.

Também no plano europeu se percebe a influência crescente dos riscos climáticos, pois, salienta a Simplefy, “a partir da segunda metade de 2026, o Banco Central Europeu vai introduzir um fator climático na avaliação das garantias bancárias, o que poderá reduzir o valor dos ativos com maior risco ambiental”.

“Na prática, esta medida vai transformar a eficiência energética e a resistência às alterações climáticas em fatores económicos concretos, afetando diretamente as condições de financiamento dos imóveis mais vulneráveis”, explica a entidade.

“As alterações climáticas deixaram de ser uma preocupação distante para se tornarem um fator económico tangível, com impacto direto nas decisões de compra de imóveis e nas condições de financiamento”, afirma Rui Lopes, CEO da Simplefy.

“É fundamental que intermediários de crédito e consumidores estejam preparados para integrar estes novos riscos e oportunidades nas suas análises”, considera o responsável.






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